27/09/2017

Sob gestão Alckmin, escolas estaduais vivem escalada da violência

Pesquisa da Apeoesp mostra que regiões pobres concentram as escolas mais violentas. O quadro confirma a ausência de políticas públicas para as populações que mais necessitam
por Cida de Oliveira, da RBA publicado 27/09/2017 19h48
ARQUIVO/GOVERNO DE SP
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Percepção de crescimento da violência dentro das escolas estaduais coincide com retirada de políticas para os jovens e precarização das condições de ensino e aprendizagem
São Paulo – Estudantes, pais e professores têm a percepção de que as escolas da rede estadual paulista estão ainda mais violentas do que já estavam no período entre o final de 2014 e o começo de 2015. Mais de 80% deles já ouviram falar de casos de violência nas suas escolas. E passa dos 800 mil o número de estudantes e de 104 mil o de professores em todo o estado que já sofreram algum tipo de agressão dentro dos estabelecimentos onde vão para aprender ou para ensinar.
Os dados são de um estudo sobre violência nas escolas realizado pelo Instituto de Pesquisas Locomotiva, que o Sindicato dos Professores no Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp)divulgou na tarde de hoje (27).
A percepção dos pais, alunos, professores e população em geral que participou da sondagem é de que há uma escalada da violência nas escolas da rede pública sob o governo de Geraldo Alckmin (PSDB).
Dos professores ouvidos, 51% já sofreram pelo menos um tipo de agressão. E entre os alunos, 39%. Os números são maiores do que os de uma outra pesquisa realizada entre o final de 2013 e início de 2014, realizada pelo Instituto Data Popular, que apontou 44% e 28%, respectivamente.
O percentual dos professores que classificavam suas escolas como violentas saltou de 57% para 61%.
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Os percentuais são crescentes também em relação aos casos de violência nas escolas que chegaram ao conhecimento dessa comunidade. Dos docentes, 85% souberam desses casos, e entre os estudantes, 80% – bem acima dos 84% e 77% colhidos na pesquisa anterior.
As escolas estaduais passaram a ser classificadas como violentas para 61% dos professores – índice que era de  57% em 2013/14.
O conjunto dos entrevistados classifica suas escolas como violentas, e também mais violentas que a da rede particular. População, pais e estudantes apontam drogas, conflito entre estudantes e falta de policiamento como principais causas da violência. Professores são os únicos a citar “educação em casa”.
Para a população ouvida, entre pais e estudantes, as drogas, os conflitos entre estudantes e a falta de policiamento são as principais causas da violência. Já os professores atribuem à falta de “educação em casa”.

Medo

O presidente do instituto Locomotiva, Renato Meirelles, afirma que os dados são preocupantes. Primeiro porque a violência na escola afeta a relação ensino e aprendizagem. "Como é possível aprender e ensinar com medo de sofrer alguma agressão?", questionou.
Outro aspecto, segundo ele, é o aprofundamento das desigualdades educacionais e sociais em um espaço que tem o papel de nivelar as condições de oportunidades. "Se a educação serve para reduzir as desigualdades, percebemos que as periferias são as que mais sofrem. As escolas localizadas nessas regiões são as que têm maior percepção de violência, o que desestimula os melhores professores de ir lecionar nessas escolas, que geralmente fecham mais cedo, com menos tempo de aula. E os estudantes, também com medo, acabam desistindo de estudar."
Todos os perfis apontam investimentos em cultura e lazer e policiamento como soluções para a violência nas escolas. Professores destacam “debates sobre o tema”.
Para a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel de Azevedo Noronha, a Bebel, o quadro reflete os anos de abandono dos governos do PSDB. "Não é só o abandono dos prédios escolares, mas o abandono das pessoas, da população", disse.
A dirigente observa que o aumento da violência coincide com o período de adoção de política de fechamento de salas de aula e de desmonte de políticas voltadas aos jovens nas escolas.
"Quando um professor tem de lecionar em cinco escolas, dando mais de 50 aulas por semana, não tem condições sequer de saber o nome de cada aluno. E, muitas vezes, esse aluno que se sente um número no diário de classe acaba se sentido agredido pelo professor", disse.
Para o entrevistados, investimentos em cultura e lazer estão entre as principais medidas para reverter o quadro.
RBA

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