Professores e Professoras apontam nas redes sociais questionamentos a prova e PEIF I da prefeitura de São Paulo:

Veja o pedido de cancelamento de questões:

Neste domingo, 15 de janeiro de 2023, mais de 96 mil professores estiveram envolvidos na realização do concurso de professores da Cidade de São Paulo.

Nesta data, nos sentimos absolutamente desrespeitados pela realização de uma prova fora de contexto, fora do edital. Isso aconteceu, pois nosso município estruturou um documento oficial denominado Currículo da Cidade eu trata dos processos de ensino aprendizagem numa perspectiva pedagógica que foi ignorada na organizadora do concurso, a FGV.

Isso fere a isonomia do nosso concurso. Isso deprecia a construção em continuidade regida pelas leis da educação paulistana e conforma preconiza do próprio Currículo da Cidade.

Absolutamente conteudista, a prova é um desrespeito aos professores, pois o Currículo da Cidade, construído coletivamente, indica exatamente o oposto daquilo que foi abordado. É uma grave situação. A parte específica da prova, reiteramos, conteudista, trouxe elementos como solstício e equinócio, massa da lua, ovos de anfíbios, ao qual caberia a pergunta sobre qual a natureza interativa e do desenvolvimento de competências da matriz de saberes na relação ensino-aprendizagem trazida pelo currículo da cidade prevista nestes itens?

Autores de fora do edital foram usados e ao mesmo tempo, sites que nada se relacionam com a educação paulistana, muito menos com o Currículo da Cidade, estão presentes. A organizadora não conhecia o edital? Quem elaborou a prova pautou os saberes em qual ponto? A comissão que instrui o processo do concurso não acompanhou as temáticas abordadas de ordem estranha ao edital e ao Currículo da Cidade? Ao mesmo tempo, a forma da abordagem conteudista é contrária ao que significam as atribuições relativas ao cargo de PEIF e previstas em lei municipal.

Itens não previstos como a BNCC estão presentes na prova. Entretanto NÃO há a estrutura fundante da BNCC no edital, ela até é citada em outros documentos, não naqueles itens que foi cidade em algumas questões da prova. Sabemos que não tem a BNCC no edital, pois o Currículo da Cidade é um documento mais atualizado. Neste sentido, cabe salientar que a primeira publicação desse edital teve que ser TOTALMENTE revista e republicada logo no primeiro dia de sua publicação. Entretanto, o erro da organizadora persiste em fazer uma prova absolutamente inadequada à nossa cidade.

Interessante notar que o tema Alfabetização, base para que sejam atingidos princípios do Ensino Fundamental, não foi abordado. É como se a cidade de SP tivesse o assunto bem resolvido e sabemos a resposta. Nem estamos citando os problemas que envolvem a ausência de discussão de uma educação democrática em tempos em que esta palavra tem sido desprezada e agredida por todos os lados, já que com certeza com a ausência da alfabetização desenvolvida por pedagogos, chegar à democracia torna-se impossível.

Essa foi uma prova centrada em saberes adultocêntricos, pois nas situações-problemas apresentadas o saber infantil e das infâncias foi absolutamente ignorado. A interação professor-aluno, trabalhada à exaustão no Currículo da Cidade, desprezada. Porém a gravidade dos saberes infantis, das culturas infantis não serem a base para serem trabalhadas nas questões as situações-problema é muito grave.

Feitas essas várias considerações e com a gravidade que o caso requer, solicitamos o CANCELAMENTO da prova por itens infundados e sem referência nos documentos oficiais preparatórios desta prova. Entretanto, o mais complexo é uma mudança de olhar pedagógico, de identidade pedagógica, onde os professores/pedagogos que esta prova classifica tendem a ser aqueles que não se relacionam com uma educação plural, participativa e democrática como, reiteramos mil vezes se necessário, preconizam os documentos oficiais da SME, em especial seu documento orientador: o Currículo da Cidade.