31/05/2023

Governo avalia zerar IOF em financiamento de veículos, diz secretário do MDIC

 



O IOF para financiamentos tem alíquota fixa de 0,38% sobre o valor total do empréstimo, além de uma cobrança anual de 3% sobre o valor movimentado

Pátio de veículos da Volkswagen, em Taubaté (SP)19/07/2015
Pátio de veículos da Volkswagen, em Taubaté (SP)19/07/2015 (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)
 

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BRASÍLIA (Reuters) - Estudos internos do governo sobre o programa para incentivar o setor automotivo contam também com uma discussão sobre um possível corte do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incide nos financiamentos de veículos, disse à Reuters o secretário de Desenvolvimento Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Uallace Moreira.

A medida para zerar o tributo e destravar empréstimos está em avaliação, mas o governo ainda não tomou uma decisão final, enfatizou o secretário, ressaltando que a prioridade para baixar o custo do crédito é a aprovação do novo marco de garantias pelo Senado -- projeto com tramitação que se arrasta no Congresso há mais de um ano.

“O que tem garantido é (a redução de) Pis/Cofins e IPI”, disse em entrevista à Reuters nesta quarta-feira. “O IOF a gente colocou na discussão, mas ainda não bateu o martelo.”

O IOF para financiamentos de veículos tem duas incidências distintas, com alíquota fixa de 0,38% sobre o valor total do empréstimo, além de uma cobrança anual de 3% sobre o valor movimentado. Por se tratar de um imposto regulatório, uma alteração nesse tributo não demanda aval do Congresso nem adoção de medidas de compensação.

O governo vem defendendo o programa pontual para socorrer montadoras de veículos com o argumento de que o setor passa por dificuldades e está com fábricas ociosas, enquanto os financiamentos de carros travaram diante da elevada taxa de juros no país.

 
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“Uma política de caráter estrutural não pode prescindir de uma política de caráter conjuntural, porque é uma questão básica de curto prazo. Se eu ignorar o curto prazo, pode ser tão delicado que esse setor produtivo pode não existir mais amanhã para pensar o estrutural”, afirmou Moreira.

O governo anunciou na semana passada as bases do programa para baixar tributos na venda de carros de até 120 mil reais, com reduções de 1,53% a 10,96% no preço ao consumidor a depender de eficiência energética, valor do veículo e grau de nacionalização da produção.

A iniciativa ainda não foi colocada em prática porque o Ministério da Fazenda pediu tempo para preparar as compensações orçamentárias para essa renúncia de receita.

Moreira afirmou que o programa foi anunciado antes de a medida ficar pronta para “equilibrar expectativas” e desmontar narrativas de que haveria redução de componentes tecnológicos nos carros ou que o foco seria em veículos populares. Segundo ele, 13 fábricas já apresentavam algum tipo de paralisação nos trabalhos, o que colocava em risco um setor que gera 100 mil empregos diretos e 1,2 milhão indiretos.

Em outra frente, MDIC e Fazenda preparam um programa de depreciação acelerada para a indústria. A ideia é permitir que as empresas deduzam de imediato da base de cálculo de tributos os investimentos em máquinas e equipamentos.

“A nossa ideia é antecipar esse benefício das empresas, não é uma renúncia fiscal, é uma questão de fluxo fiscal apenas. Essa mudança de fluxo pode gerar um efeito de investimentos”, afirmou, citando que o benefício valeria a partir de 2024.

ATÉ UM ANO DE DURAÇÃO - O programa de redução de tributos alcançará 11 montadoras instaladas no Brasil e 33 modelos de carros, englobando 40% da fatia de mercado do país.

De acordo com o secretário, o formato final do programa ainda não foi fechado, com cenários de duração dos benefícios tributários variando de três a doze meses, o que também influenciará o impacto fiscal. Ele destacou que não haverá uma transição gradual ao fim do programa e, desse modo, as alíquotas retornarão imediatamente ao patamar anterior.

Moreira disse que o governo também está trabalhando para ajustar o Rota 2030, programa destinado a modernizar o setor automotivo do país. A ideia é estimular a inovação com foco em descarbonização, incluindo também iniciativas para renovação de frota.

“Um carro novo, por exemplo, emite em torno de 12% a 15% menos carbono do que um carro produzido há três anos”, disse.

No debate estrutural, o secretário disse que o governo pretende antecipar o anúncio de seu plano para o que chama de “neoindustrialização”, com ações que vão priorizar o desenvolvimento de novas tecnologias e a indústria sustentável.

As discussões são feitas por grupos técnicos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), composto por 20 ministros, que terá sua primeira reunião ampliada em junho ou julho.

A previsão inicial era que o anúncio do plano estrutural fosse feito em dezembro deste ano, mas Moreira citou preocupação em acelerar esse processo em meio a uma contínua perda de espaço da indústria brasileira.

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