Educadores(as), especialistas, autoridades, famílias e pessoas com deficiência participaram, nesta quinta-feira (25), de uma audiência pública sobre os desafios e a necessidade de ampliar o acesso ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) na educação pública do Paraná.
Durante o evento, realizado pela Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), a secretária-executiva Educacional da APP Sindicato, Margleyse Adriana dos Santos, relatou a luta feita pelo sindicato nesta pauta e comentou sobre as medidas adotadas pelo governo que resultam em falta de condições de trabalho para os profissionais e exclusão para os(as) estudantes especiais.
De acordo com a dirigente, na rede estadual há dificuldade para conseguir os laudos dos(as) alunos(as) e, quando conseguem o documento, o(a) estudante fica em salas superlotadas. Ela cita como exemplo os(as) autistas e os(as) que precisam de intérpretes de libras.
Plataformização
Margleyse acrescenta como agravante o uso das plataformas digitais. Segundo a professora, muitos(as) alunos(as) não conseguem fazer as atividades através do recurso tecnológico. “Hoje os professores estão tão voltados às plataformas que nem conseguem olhar para os alunos e saber de que maneira eles estão aprendendo ou se eles estão aprendendo. Então a cada dia a nossa escola pública está se tornando um espaço de exclusão”, alertou.
Ela também relatou a falta de capacitação para os(as) professores(as) e que, com a implantação da sexta aula, os(as) intérpretes estão ficando em sala mesmo não recebendo por aquela aula a mais.
Outro problema denunciado pela dirigente é a normativa da rede de ensino estadual em que os(as) profissionais que acompanham os(as) autistas exercem a atividade de forma itinerante, podendo atuar com vários alunos(as) no mesmo colégio ou em outras unidades. De acordo com Margleyse, quando esses(as) educadores(as) precisam apresentar atestado médico, não há substituição, e o governo deixa o(a) estudante sem o atendimento especializado.
“Então, hoje a gente vê a grande dificuldade do Estado entender o que é a educação inclusiva. Por isso, estamos na luta para conseguir uma escola pública de qualidade e inclusiva. Mas não é só a APP que tem que estar na luta, mas toda a sociedade. Para que a escola inclua e não exclua, precisamos que as pessoas tenham consciência de que não somos todos iguais e que cada um tem sua especificidade e precisa de um atendimento especializado”, concluiu.
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Encaminhamentos
Proposta pela deputada estadual Ana Júlia (PT) e pela vereadora de Curitiba, Professora Josete (PT), a audiência pública definiu a criação de um grupo de trabalho com vários representantes para intensificar estratégias para o Atendimento Educacional Especializado (AEE) no estado.
O AEE é uma modalidade de ensino que promove o acesso e condições para uma educação de qualidade. A função é identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas.
Participantes
Também participaram dos debates e construção de propostas da audiência, a presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), Mariana Chagas, a coordenadora do Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), Flávia Manuella de Almeida Ksiaszczyk, a diretora do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba, Adriane Alves da Silva, a pedagoga da educação especial no Colégio Estadual do Paraná e docente na rede municipal, Ingrid Adam, o presidente da Associação dos Pais e Amigos de Excepcionais (APAE), Paulo Roberto Michelon, a secretária-geral do Sindicato dos Servidores Municipais (SISMUC), Loide Ostrufka, a promotora de Justiça do Centro de Apoio da Criança e Adolescentes, Beatriz Spindler de Oliveira Leite, e a fundadora da Associação Paranaenses da Síndrome de Williams (APRSW), Luciana Milcarek.
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