08/06/2023

"Se eu cheguei até aqui, outras brasileiras podem chegar", diz Bia Haddad após derrota em semifinal de Roland-Garros

 



Em entrevista coletiva após perder a partida da semifinal de Roland-Garros, Beatriz Haddad Maia diz focar no aprendizado

A brasileira Beatriz Haddad Maia durante jogo contra a polonesa Iga Swiatek, que a eliminou do torneio de Roland-Garros.
A brasileira Beatriz Haddad Maia durante jogo contra a polonesa Iga Swiatek, que a eliminou do torneio de Roland-Garros. (Foto: Pierre René-Worms/RFI)
 

"Se eu cheguei até aqui, outras brasileiras podem chegar", diz Bia Haddad após derrota em semifinal de Roland-Garros · Ouvir artigo
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 Maria Paula Carvalho e Élcio Ramalho, RFI - “Eu estou feliz, esse jogo mostrou coisas que eu preciso melhorar. Trabalhamos duro e devemos estar orgulhosos de nós mesmos”, começou dizendo a atleta. “Jogar pela primeira vez uma semifinal e contra a número 1 do mundo, na quadra Philippe-Chatrier e com muitos brasileiros na arquibancada, foi incrível e eu fiz o meu melhor. Tentei ir ao meu limite, tive muitas chances, mas tênis é assim, nem sempre é o seu dia". 

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 Foram seis jogos e uma campanha inédita para a tenista, que no início do torneio esperava chegar só até a terceira rodada. “É um sonho jogar as semifinais, eu fui muito sortuda, pude jogar em todas as grandes quadras, foi uma semana incrível, eu só agradeço a quem veio me assistir. Eu queria ter ganhado, mas hoje não deu”, disse com humildade. “Não é só tênis, mas a mentalidade conta muito. Eu poderia ter sido melhor emocionalmente, mas não foi meu dia”, repetiu. 

 Perguntada pelos jornalistas estrangeiros se sua atitude positiva, como a dos brasileiros em geral, ajuda na carreira, ela respondeu: “os brasileiros são assim, amigáveis, às vezes falamos alto, é muito bom receber essa energia também. Tivemos sorte, pois fez sol a semana toda, todo mundo pôde aproveitar muito. Eu me senti confortável e essa semana ficará marcada na minha vida”, declarou a paulista de 27 anos.  

 Jogar com Iga Swiatek

 A semifinal de Roland-Garros foi o segundo confronto entre Bia Haddad e Iga Swiatek. No ano passado, ela venceu a polonesa no torneio de Toronto em quadra rápida. Mas no saibro a história foi outra. 

 
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 “Quando se joga com alguém muito bom, você não tem nada a perder. Temos que ter coragem. Ela está noutra fase mentalmente do que muitos jogadores", elogiou. "Eu a respeito muito e ela representa as mulheres do tênis”, destaca. “Por mais que eu tenha lutado, ela foi mais competente,” completa. Porém, “me sinto feliz, grata, é um torneio muito especial pela história que a gente tem aqui, com Guga, Maria Esther Bueno, Meligeni, só quero agradecer o carinho de todos. Eu aprendi muito, quebrei tabus internos e vou levar esse aprendizado para outros Grand Slams”, promete. "Fiquei com gostinho de quero mais, você tem que ser realista. Levando em consideração o cenário foi muito bom!", acrescenta. 

 "O Brasil me dá força"

 “Sou privilegiada e vivo do que eu amo, isso é uma honra e sei como os brasileiros sofrem. Eles acordam de madrugada e têm que trabalhar, toda a violência e o que a gente vive no nosso país. O momento é duro, eu tenho consciência e levo isso para os momentos difíceis de um jogo. Eu vejo o tênis de forma mais humana por causa disso”, reconhece. 

 “Meu sonho é ajudar as pessoas através do tênis. Eu acho que a gente está merecendo, pelos que as meninas vêm fazendo nas classificatórias, a gente está merecendo mais oportunidades e apoio”, cobra. “Espero que haja meninas assistindo, eu não sou uma pessoa fora da curva e se eu estou aqui, outras podem também”, incentiva.

 Com o fim de Roland-Garros, Bia pretende descansar antes de encarar a temporada dos torneios de grama. “Eu nem pensei ainda no próximo desafio. Eu estou refletindo sobre essa semana. “Como tenista eu já estava fazendo coisas boas a bastante tempo ! A força vem do coração, e tudo é feito com preparação”, acrescenta. “Estou animada, é uma época muito gostosa aqui, o verão europeu”, finaliza. 

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