Repetindo padrão de incêndio em casas indígenas no MS, o caso vitimou a nhandesy Sebastiana, de 92 anos e Rufino, de 55

Gabriela Moncau, Brasil de Fato - O casal de rezadores Guarani e Kaiowá, Sebastiana Gauto e Rufino Velasque, foi encontrado morto e carbonizado na casa onde viviam nesta segunda-feira (18), na aldeia Guassuty, no Mato Grosso do Sul (MS). O território fica na cidade de Aral Moreira (MS), que faz fronteira com o Paraguai. Imagens do incêndio durante a madrugada estão sendo divulgados pelas redes de organizações indígenas.
"A nhandesy [rezadora] Sebastiana vinha recebendo várias ameaças de morte nos últimos anos, inclusive sendo chamada de 'feiticeira', com discursos coloniais recorrentes e reproduzidos no MS", afirmou em nota a Kuñangue Aty Guasu, Grande Assembleia das Mulheres Guarani e Kaiowá.
Na mesma segunda-feira (18), um suspeito de ser o autor do assassinato das lideranças espirituais foi preso. O homem de 26 anos tinha vínculo familiar com o casal. Segundo o g1, ele teria confessado o duplo homicídio, sem explicar a motivação.
A Polícia Civil do MS informou que "as investigações não apontam para crime de ódio". Já a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) diz que a "comunidade discorda da linha policial" que estaria investigando o caso como "crime passional".
Para a Kuñangue, o caso – cuja complexidade possivelmente cruza intolerância religiosa, machismo e a prática de incêndio, usada recorrentemente para tentar expulsar os indígenas de suas terras no MS - "não é apenas uma tragédia individual": "é também uma realidade violenta enfrentada por muitos rezadores e guardiões das ancestralidades indígenas Kaiowá e Guarani".

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