Nelice Pompeu: Por que hoje estou na Rede Globo ?
Neste 25 de Novembro, que é o “Dia Internacional de Luta Contra a Violência à Mulher”, estou aqui na plateia do Programa Encontro / Rede Globo, junto a outras mulheres que trazem uma mesma história em comum: todas foram vítimas de algum tipo de violência.
O aumento expressivo da violência contra a mulher, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), revelam o agravamento da violência contra as mulheres no país, considerando homicídios, feminicídios, agressões em contexto de violência doméstica, ameaças, perseguições (stalking), violências psicológicas e estupros.
A violência contra a mulher não pode ser invisibilizada ou naturalizada. É uma dor que só quem passa sabe, e jamais deve ser tratada como “mimimi”.
Quem julga está cometendo uma segunda violência contra essas mulheres e sendo cúmplice de agressores. Mas, infelizmente, quebrar esse círculo de violência não é tão simples.
A cultura patriarcal, o machismo e a misoginia implicam em um circuito de silêncio que gera mais violência.
Qual mulher nunca foi chamada de louca alguma vez na vida?
Qual mulher nunca presenciou alguma piadinha sem graça ?
Qual mulher não foi calada alguma vez com medo que ela diga o que sabe?
Qual mulher preferiu ficar em silêncio por medo de julgamentos ?
Qual mulher não se decepcionou com outras quando queria apenas ser ouvida ?
Qual mulher nunca teve medo de sair na rua em determinado horário?
Qual mulher???
É impossível conhecer uma mulher que não tenha passado por alguma situação de violência só pelo fato de ser mulher....aquelas que não passaram, não esperem sentir essa dor para que possam entender as marcas que essa violência deixa.
Denunciar não é nada fácil. Na maioria das vezes a mulher é julgada, ridicularizada, desmoralizada, tida como doida. Por isso, muitas mulheres não buscam ajuda diante da violência silenciosa da vida cotidiana.
E o mais cruel é quando outras mulheres (algumas que ainda se dizem feministas) perpetuam o machismo e a misoginia , alimentando esse círculo de violência, fazendo colocações pessoais com conotações machistas ou preferindo não se envolver, ficando neutras, tomando assim o lado do agressor!
Nenhuma denúncia de violência é à toa, pode ser um grito de socorro... Por isso, jamais julgue uma mulher que não se calou e denunciou. A voz dessas mulheres é importante como fenômeno social e certamente ajudará muitas outras mulheres a buscarem ajuda.
Quantas de nós não contamos o que se passa - ou se passou - conosco, por medo de represálias? Pois quando uma mulher abre a boca para denunciar algo, ela é questionada e julgada. Normalmente os homens são poupados.
Esse tipo de reação é comumente adotada por acusados de assédio, que recorrem a campanhas de desmoralização das vítimas, buscando desqualificá-las na tentativa de desviar o foco e "atacar o mensageiro", principalmente quando as denúncias são contra pessoas públicas (texto MeToo)
Questionar a vítima pela violência que ela sofreu só acarreta mais confusão e revitimização a pessoas já machucadas. Vc já pensou nisso?
A vítima de violência muitas vezes só precisa de um abraço sincero e alguém que diga: “Eu estou aqui, vai ficar tudo bem!”
Esse acolhimento, livre de julgamentos , muitas vezes é o recomeço para muitas mulheres, que estão tentando "juntar os caquinhos" e poder seguir em frente e transformar a sua dor em apoio e defesa de outras mulheres.
A mobilização contra o feminicídio e outras formas de violência salva vidas. Nós já perdemos mulheres demais e devemos assumir um compromisso com a construção de uma sociedade capaz de romper efetivamente com os ciclos de violência, na defesa dos direitos das mulheres e na proteção e acolhimento das vítimas.
Já quanto à minha história pessoal , infelizmente por ameaças, não a posso expor neste momento, mas com certeza quando uma mulher é calada, outras falarão por ela, por isso peço carinhosamente que compartilhem essa postagem com outras mulheres e a dica que dou é que busquem ajuda , pois o silêncio mata! > Nelice Pompeu: Agradeço a tantas mãos que se estenderam quando mais precisei e destaco a importância do Justiceiras @justiceirasoficial um Projeto acolhedor sério, comprometido, que oferece orientação jurídica e apoio e tem transformado a vida de muitas mulheres.
A verdadeira sororidade ainda existe entre nós!
Gratidão
Profª Nelice Pompeu
Patrícia Poeta apresenta 'Encontro' de combate à violência contra mulher com plateia especial
Programa recebe apenas vítimas da violência de gênero no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres
O Encontro com Patrícia Poeta , atração matinal da TV Globo, desta segunda-feira (25), é em prol do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. A data é reconhecida anualmente com o intuito de denúncia dos casos ao redor do mundo e exigência de políticas em prol da erradicação.
https://gshow.globo.com/tv/encontro-com-patricia-poeta/episodio/2024/11/25/videos-do-episodio-de-encontro-com-patricia-poeta-de-segunda-feira-25-de-novembro-de-2024.ghtml#video-13127143-id
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