Precisamos pensar em uma alfabetização digital para todos.
do jornal da estância
Há vinte anos, se colocássemos em discussão o surgimento das novas tecnologias e o que poderíamos fazer com elas, uma questão que certamente ficaria em evidência seria se deveríamos ou não introduzi-las na educação. Havia o anseio de que essas novas tecnologias fizessem com que o papel do professor se tornasse dispensável, ou que as mesmas provocassem um aceleramento nos estágios de aprendizagem.
Atualmente, a questão que surge não é mais se as novas tecnologias devem ou não ser incorporadas a educação, pois há a concordância que ela deve sim ser incorporada ao processo educacional. O problema que então surge atinge não só o âmbito educacional, ele vai muito mais além, tornando-se uma questão social.
Que o Brasil é um país em que a desigualdade ainda insiste em permanecer enraizada a nossa sociedade não é novidade para ninguém. No entanto, essas novas tecnologias que, deveriam ajudar a formar cidadãos solidários, estão aprofundando cada vez mais as barreiras da exclusão social já existente.
Então, se quisermos que haja uma tecnodemocracia, vamos ter que formar cidadãos para isso. Precisamos pensar em uma alfabetização pata todos, pois quem não tiver acesso a essas tecnologias não vão saber opinar e nem ao menos saber o que fazer com elas.
Algumas iniciativas estão sendo feitas, como alguns projetos de inclusão digital, porém o quadro ainda não é satisfatório. Segundo dados de 2008 do Comitê Gestor da Internet, no Brasil a taxa média de acesso à internet nos domicílios é de 20% apenas. Não podemos esquecer que há uma grande diferença entre as regiões, sendo a região sudoeste a mais conectada, com 26%, e as regiões norte e nordeste as menos conectadas, com 9%. Essa variação é justificada por critérios relacionados com indicadores sociais e econômicos. Pode-se concluir então que o Brasil conectado é essencialmente urbano, bem educado, bem alimentado e branco.
O número de escolas com computadores e acesso à internet ainda é muito longe do ideal. Em 2005, os índices de escolas que usavam a internet ainda eram muito baixos. Segundo pesquisa, apenas 5,4% da população com 10 anos de idade ou mais declarou ter utilizado a internet na escola.
O governo brasileiro lançou o Programa Banda nas Escolas, em parceria com as operadoras de telefonia fixa. O programa pretendia que todos os alunos das escolas públicas do ensino fundamental e médio situadas na área urbana tenham acesso à internet banda larga (2megabits) até o final de 2010. Em 2011 vemos que essa meta ainda está muito longe de ser atingida.
Enfim, não basta educar a massa trabalhadora para alimentar a máquina produtiva, é preciso educar para provocar indignação frente à aceitação conformista da relação Tecnologia X Exclusão.
Meiriane Camargo
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