Rodrigo Boccato
Do jornal da estância
Num cantinho da cidade, já na divisa com Ibiúna e Vargem Grande Paulista, existe um bairro e um grande condomínio. O bairro tem origem quilombola, nome de santa católica e um investimento imobiliário de fazer inveja aos nobres medievais luteranos, tudo misturado num quinhão que só poderia dar certo num país como o Brasil.
Um país que, em algum momento de sua história, permitiu que “homens-brancos” tomassem as terras dos ex-escravos fugitivos que tocavam sua vida com certa independência num local onde hoje está o Patrimônio do Carmo.
Atualmente, poucos moradores podem ultrapassar os altos muros que cercam as terras que já foram o sustento dos seus antepassados. Aqueles que podem atravessar a muralha, o fazem para trabalhar para as milionárias famílias que ali se instalaram em busca de paz e tranqüilidade.
As linhas de ônibus não passam pelo condomínio, as estradas e ruas públicas também não e os veículos oficiais ainda têm acesso à via principal. Mas fato é que a comunidade aprendeu a seguir a sua vida ignorando a riqueza e ostentação que mora na vizinhança.
Após mais um estudo da ONU que apontou o Brasil como um dos piores países do mundo nos quesitos educação e desigualdade social, eu escutei uma frase da qual não me recordo com clareza quem era o autor, mas que dizia: “Continuamos sendo um país inculto e injusto”.
Continuamos sendo um país que priva seus cidadãos da cultura e da justiça social, mesmo com o flagrante desenvolvimento econômico do Governo Lula e com a inflação controlada desde os tempos de FHC.
Somos uma democracia com uma concentração de renda que só pode ser comparada às monarquias do petróleo no Oriente Médio. Temos em São Paulo a mesma tecnologia de combate a enchentes que é usada em Tóquio. Mas enquanto o japonês aprende a se apegar ao seu lixo até despejá-lo na coleta seletiva, nós vemos um paulistano atirar da janela do ônibus, que passa sobre uma rua alagada, mais lata de Coca-Cola.
Não existe solução imediata para a incultura e a desigualdade social, mas sabendo que extinção de uma acarretará o fim da outra, passamos a começar com a parte que nos cabe. E, assim, Bairro do Carmo foi escolhido para ser o primeiro a receber a visita dos projetos itinerantes que a Prefeitura, através da Divisão de Cultura, desenvolverá em 2011. Atendendo a um projeto de lei apresentado pelo vereador Lilo em 2008, sessões de cinema serão exibidas em caráter gratuito em diversas comunidades são-roquenses.
No dia 15 de janeiro, o filme a “A Marvarda Carne” trouxe diversão e informação de graça para pessoas que, apesar de conviverem com tamanha desigualdade social, ganharam mais uma “arma” na sua luta por sua liberdade e igualdade.
Que discurso mais hipócrita!
ResponderExcluirPrimeiro: NÃO HÁ MUROS ALTOS cercando o condomínio. Esse texto tendencioso quer dar ares de FEUDO (ou seria de CASTELO MEDIEVAL) ao condomínio Patrimônio do Carmo. Evidentemente que existem portarias e segurança 24 horas, que controlam o acesso. É crime proteger a propriedade privada?
Segundo: O condomínio GERA EMPREGOS para uma GRANDE quantidade de pessoas da região, colaborando para o fomento da economia local, que antes da implantação do condomínio era insignificante, resumindo-se à culturas de subsistência (década de 70 e 80)
Queriam o quê? Que as pessoas mais abonadas trabalhassem para as menos abonadas? Qual é o sentido disso, a não ser servir aos propósitos de um discurso socialista vazio?
Ou nao deveriam existir condomínios de alto padrão? Deveríamos todos morar em casas populares do "minha casa minha vida"?
Não se pode mais ter sorte e/ou competência e conseguir uma posição melhor na vida?
Terceiro: a maioria das pessoas que moram no condomínio Patrimônio do Carmo NÃO OSTENTAM coisíssima nenhuma. E nem são milionárias. Apenas conseguiram realizar um sonho (quase sempre de uma vida inteira) de morar em um lugar organizado, limpo e que se preocupa com o meio-ambiente. Sonho esse resultado de MUITO trabalho e persistência.
Chega dessa conversa mole de socialista de botequim.