O agrotóxico costuma ser insumo fundamental em grandes plantações. Ao abraçar a causa ambiental, o MST critica o modelo de latifúndio que combate há cerca de 28 anos. “Se pensarmos um outro tipo de utilização do solo, dos recursos naturais, da água, numa perspectiva de preservação para o futuro, evidentemente a reforma agrária passa a ser uma coisa moderna. Também queremos discutir sobre alimentação. Se a sociedade brasileira quer continuar consumindo alimentos altamente contaminados”, antecipou Gilmar Mauro, da coordenação nacional do movimento, em uma entrevista à Agência Brasil em fevereiro.
Além do retorno da pauta da reforma agrária, esquecida desde a campanha eleitoral de 2010, segundo Mauro, o Abril Vermelho marca a passagem dos 15 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás (Pará), quando 19 trabalhadores foram assassinados na Rodovia PA-150 pela Polícia Militar do estado.
“O Abril Vermelho é sempre uma mobilização simbólica contra a violência no campo”, lembrou Ulisses Monaças. Em Eldorado de Carajás, o MST fará um “acampamento pedagógico” com 500 jovens entre os dias 10 e 17 deste mês. Em Belém, 700 trabalhadores rurais ficarão acampados na Praça da Leitura entre 15 e 19 deste mês.
A coordenação nacional do MST ainda não tem a programação fechada da mobilização nos 23 estados onde o movimento está organizado e nem confirma o número de ocupações que poderão ocorrer no mês. As ocupações já começaram no sul da Bahia, em fazendas de plantação de eucalipto.
O movimento quer ser recebido pelo governo em Brasília durante o Abril Vermelho. O secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, Rogério Sottili, garantiu que a reforma agrária “é uma agenda importante” da presidenta Dilma Rousseff e que “o governo sempre vai receber o movimento, que é muito reconhecido”. Na última sexta-feira (1º), Dilma recebeu de uma comitiva de representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) uma pauta de 192 itens.
Além da Contag (que em maio tem programado o Grito da Terra Brasil 2011) e do MST, outros movimentos voltados à questão agrária se preparam para fazer mobilizações em Brasília nos próximos dias. Cerca de 50 pessoas ligadas à Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Distrito Federal e Entorno (Fetraf – DF) já estão acampadas na porta da sede do Instituto do Colonização e Reforma Agrária (Incra) na capital federal.
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