Vitor Abdala
Repórter do Rio de Janeiro
Repórter do Rio de Janeiro
Brasília - O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do
Ministério da Fazenda, identificou 24.168 pessoas suspeitas de lavagem
de dinheiro no país em 2010. Os nomes foram citados em mais de mil
relatórios sobre operações suspeitas rastreadas pelo Coaf ao longo do
ano.
O número de pessoas suspeitas é 153% maior do que o registrado em 2009,
quando o Coaf identificou 9.522 pessoas possivelmente ligadas a
operações de lavagem de dinheiro no Brasil.
Os relatórios elaborados pelo Coaf servem de base para a abertura de
investigações pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. “O Coaf
não investiga. Ele apenas detecta movimentações em que possa haver
ilícitos e as encaminha para à polícia e ao Ministério Público”, afirmou
hoje (19) o presidente do Coaf, Antonio Gustavo Rodrigues, à Agência Brasil.
O Coaf monitora operações em diversos setores como as loterias, cartões
de crédito, lojas de joias e antiguidades, compra de imóveis, mercado
de seguros e previdência. Entre as atividades que recebem atenção
especial do órgão estão as “operações atípicas” informadas pelos bancos,
isto é, movimentações suspeitas de dinheiro que podem estar encobrindo
alguma ação ilegal.
De 2009 para 2010, a comunicação, dos bancos para o Coaf, sobre esse
tipo de operações aumentou 42%, passando de 22 mil para 31 mil. Apenas
entre janeiro e abril deste ano, já foram comunicadas ao Coaf 11.693
operações suspeitas.
As comunicações são o primeiro passo para o Coaf iniciar o
monitoramento de uma operação de lavagem de dinheiro. Caso haja indícios
de irregularidades, são, então, elaborados os relatórios que serão
encaminhados à polícia.
“Temos tido um crescimento desse tipo de comunicação, por parte dos
bancos, nos últimos anos. E isso vem aumentando por vários fatores,
entre eles, o investimento que o sistema financeiro faz em treinamento
de pessoal e novos sistemas. Esse é um sinal positivo, já que mostra que
os bancos estão conscientes do papel deles de não serem usados em
lavagem de dinheiro”, disse.
A proximidade de grandes eventos esportivos internacionais que
ocorrerão no Brasil, como a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as
Olimpíadas do Rio de 2016, é outra preocupação das autoridades
brasileiras, em relação à lavagem de dinheiro.
Para o inspetor-chefe da Receita Federal no Porto do Rio, Ewerson
Augusto Chada, há a possibilidade de estrangeiros usarem os eventos para
tentar “lavar” dinheiro, isto é, tornar “legais” recursos provenientes
de atividades ilegais e criminosas, como o tráfico de drogas e a
corrupção.
“Foi detectada a possibilidade da ocorrência de lavagem de dinheiro
tanto em operações de comércio exterior quanto em outros tipos de
operações, pela presença de muitos estrangeiros que virão ao Brasil em
decorrência desses eventos”, afirmou o inspetor.
Já o presidente do Coaf acredita que o maior risco que apresentam esses
eventos é a possibilidade de desvio de recursos provenientes das
inúmeras obras de estádios e infraestrutura que precisarão ser feitas, e
a consequente tentativa de “lavar” esse dinheiro.
“Os eventos estão proporcionando grandes obras. E grandes obras
oferecem oportunidade para que alguém as faça malfeito. Os órgãos têm se
articulado no sentido de evitar superfaturamento de obras, algo mais
ligado à corrupção do que propriamente à lavagem de dinheiro. Mas é
lógico que, no momento, em que o sujeito pratica o crime, ele vai tentar
esconder o dinheiro”, disse.
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