DE SÃO PAULO
Um estudo divulgado nesta terça-feira
pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que, de 0 a 10, a
população dá nota 4,55 à Justiça brasileira.
O segmento do sistema de Justiça pior
avaliado é a Polícia Civil --segundo o levantamento, em uma escala de 0 a 4, as
pessoas ouvidas deram nota 1,81.
"O contato da população com as
polícias civis é diário, próximo, o que afeta a percepção, mas o estudo levanta
a questão sobre o inquérito policial. Será que ele não é muito burocrático e
dificulta a ação da Justiça?", questionou Fábio de Sá e Silva, técnico de
planejamento e pesquisa e Chefe de Gabinete da Presidência do Ipea.
A melhor nota, 2,2, foi dada à Polícia
Federal e à Promotoria. "Na teoria da opinião pública, existe a ideia de
que a exposição midiática favorece uma avaliação positiva e talvez a cobertura
das operações da PF tenha influenciado o resultado", disse Silva.
Os juízes receberam nota 2,14, os
defensores públicos 2,04 e os advogados, 1,96.
O estudo também questionou 1.750
pessoas sobre os tipos de problema que costumam resolver no sistema Judiciário.
Os conflitos familiares e os episódios de crime e violência são os que mais
motivam a busca pelo Judiciário. Previdência e relações de consumo e negócio
são os menos resolvidos pelos caminhos oficiais.
"É fácil entender porque a
população procura a Justiça para resolver crimes e episódios de violência. Elas
precisam registrar os casos, fazer Boletins de Ocorrência, até para justificar
casos em que, por exemplo, é preciso acionar o seguro do carro. O que não dá
para entender é porque, num país com um sistema extenso de seguridade social,
com um código de consumidor moderno e com o consumo crescente, as pessoas não
busquem o litígio nos casos de Previdência e relações comerciais. Será que é
falta de confiança na Justiça?", questionou Silva.
A pesquisa ouviu 2.770 brasileiros em
todos os Estados do país. A margem de erro por região é de cinco pontos percentuais.
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