Nos primeiros anos do ensino médio, cursados em uma escola particular da capital, até um professor fazia piada em sala de aula sobre o tradutor Alexandre Camarú, hoje com 41 anos, por causa de sua orientação sexual. Anos depois e a uma semana da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, ele vê com tristeza os dados sobre o crescimento da homofobia nas escolas do País e do Estado paulista.
Um levantamento inédito, divulgado na última edição da publicação científica Educar em Revista, da Universidade Federal do Paraná, aponta aumento de 160% no número de estudantes que se declararam vítimas de homofobia em São Paulo entre 2004 – justamente o ano em que o governo lançou o Programa Brasil sem Homofobia – e 2008. O índice é superior à média do País, cujo aumento foi de 150%, e coloca o Estado na lista dos cinco mais homofóbicos do Brasil.
O estudo se baseia no questionário socioeconômico respondido pelos alunos que prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Foram analisadas as respostas de 6,4 milhões de estudantes, de 16 a 25 anos, que fizeram a prova entre 2004 e 2008. Após esse ano, as questões relativas à homofobia foram retiradas dos questionários.
“Os meninos da sala eram homofóbicos e dois, em especial, eram piores. Mas tinha ao menos um professor que fazia piada sobre mim”, lembra Camarú. Em 2004, esse tipo de situação era vivenciada por 1,5% dos estudantes paulistas. Mas, quatro anos depois, o porcentual de alunos que afirmaram ter sofrido preconceito por causa de sua orientação sexual chegava a 3,9% no Estado.
Para especialistas em diversidade sexual, o aumento dos relatos de homofobia pode estar relacionado à consciência que as próprias vítimas adquiriram de que estavam sofrendo discriminação – fazendo aumentar as denúncias. Outra hipótese tem a ver com o maior número de adolescentes que assumem sua homossexualidade desde cedo.
“As escolas devem ensinar que a única diferença entre homos e heterossexuais é a orientação do desejo, isto é, para quem ‘eu’ dirijo o meu desejo, que pode ser para o sexo oposto, para pessoas do mesmo sexo ou para os dois”, diz Sandra Vasques, psicóloga e coordenadora de projetos do Instituto Kaplan, especializado em sexualidade humana.
Um dos autores do estudo, o professor Josafá Cunha, do Departamento de Psicologia da Universidade Estadual do Centro-Oeste, diz que o problema é influenciado por vários fatores, inclusive culturais. “A reação dos nossos colegas nos ajuda a saber que comportamentos estão corretos e quais não são tolerados na sociedade. Crianças adotam esses valores como reflexo da cultura e os replicam na escola.”
O estudo concluiu que a violência gerada pela intolerância à diversidade sexual reduz a qualidade da educação recebida pelas vítimas. Em uma escala de zero a dez pontos, a percepção da qualidade do ensino foi, em média, meio ponto maior entre os que não relataram perseguição homofóbica.
“Escola e professores têm papel preponderante na formação da personalidade, autoestima e autoimagem do aluno. Na escola, surgem as primeiras dúvidas, é onde ele busca as primeiras relações afetivas, das superficiais às profundas”, completa Araci Asinelli, professora de pós-graduação em Educação na Universidade Federal do Paraná, que também analisou os dados.
Um levantamento inédito, divulgado na última edição da publicação científica Educar em Revista, da Universidade Federal do Paraná, aponta aumento de 160% no número de estudantes que se declararam vítimas de homofobia em São Paulo entre 2004 – justamente o ano em que o governo lançou o Programa Brasil sem Homofobia – e 2008. O índice é superior à média do País, cujo aumento foi de 150%, e coloca o Estado na lista dos cinco mais homofóbicos do Brasil.
O estudo se baseia no questionário socioeconômico respondido pelos alunos que prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Foram analisadas as respostas de 6,4 milhões de estudantes, de 16 a 25 anos, que fizeram a prova entre 2004 e 2008. Após esse ano, as questões relativas à homofobia foram retiradas dos questionários.
“Os meninos da sala eram homofóbicos e dois, em especial, eram piores. Mas tinha ao menos um professor que fazia piada sobre mim”, lembra Camarú. Em 2004, esse tipo de situação era vivenciada por 1,5% dos estudantes paulistas. Mas, quatro anos depois, o porcentual de alunos que afirmaram ter sofrido preconceito por causa de sua orientação sexual chegava a 3,9% no Estado.
Para especialistas em diversidade sexual, o aumento dos relatos de homofobia pode estar relacionado à consciência que as próprias vítimas adquiriram de que estavam sofrendo discriminação – fazendo aumentar as denúncias. Outra hipótese tem a ver com o maior número de adolescentes que assumem sua homossexualidade desde cedo.
“As escolas devem ensinar que a única diferença entre homos e heterossexuais é a orientação do desejo, isto é, para quem ‘eu’ dirijo o meu desejo, que pode ser para o sexo oposto, para pessoas do mesmo sexo ou para os dois”, diz Sandra Vasques, psicóloga e coordenadora de projetos do Instituto Kaplan, especializado em sexualidade humana.
Um dos autores do estudo, o professor Josafá Cunha, do Departamento de Psicologia da Universidade Estadual do Centro-Oeste, diz que o problema é influenciado por vários fatores, inclusive culturais. “A reação dos nossos colegas nos ajuda a saber que comportamentos estão corretos e quais não são tolerados na sociedade. Crianças adotam esses valores como reflexo da cultura e os replicam na escola.”
O estudo concluiu que a violência gerada pela intolerância à diversidade sexual reduz a qualidade da educação recebida pelas vítimas. Em uma escala de zero a dez pontos, a percepção da qualidade do ensino foi, em média, meio ponto maior entre os que não relataram perseguição homofóbica.
“Escola e professores têm papel preponderante na formação da personalidade, autoestima e autoimagem do aluno. Na escola, surgem as primeiras dúvidas, é onde ele busca as primeiras relações afetivas, das superficiais às profundas”, completa Araci Asinelli, professora de pós-graduação em Educação na Universidade Federal do Paraná, que também analisou os dados.
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