A Revolução Constitucionalista de 1932, um marco na história do
Brasil, completa 79 anos com atividades que visam manter viva a história de
soldados e pessoas comuns que foram para o front de batalha para garantir a
democracia
Gilson Hanashiro/Agência BOM DIA
O tenente Wagner Luciano de Oliveira, que se apresentou para estudantes
no quartel da Polícia Militar caracterizado como o ex-combatente capitão
Joaquim Bastos, é cercado pelas crianças ao fim da apresentação.
Carla de Campos
Agência BOM DIA
Agência BOM DIA
A revolução de 1932,
que deixou o Estado de São Paulo em pé de guerra com o governo de Getúlio
Vargas, completa neste sábado (09) 79 anos. Apesar de ser um dos maiores
conflitos civis do país, que começou com a elite mas acabou arrebanhando
milhares de voluntários, o movimento é um dos episódios menos explorados
pelos livros de história.
Depois de tanto tempo, não há mais ex-combatentes
vivos em Sorocaba. O último faleceu após os festejos de 2010. Mesmo assim, a
homenagem aos revolucionários de 1932 continua, arquitetada
principalmente pela Polícia Militar, que todo anos trabalha na divulgação do
ato cívico e mantém viva a memória da guerra dos paulistas.
“A PM esteve sempre presente nos
momentos históricos. E é importante que a história da revolução, do movimento
em São Paulo, não se perca”, explica o capitão Rubens Ramos, do CPI-7 (Comando
de Policiamento do Interior), o centro nervoso da PM na região.
Neste ano pela primeira vez a
corporação promoveu um evento para levar aos mais jovens a importância
histórica do conflito armado. Crianças de 7 a 14 anos tiveram a
oportunidade de conhecer os bastidores e os desdobramentos da luta.
No sede do CPI, o evento começa
com dispersão. Afinal, para que saber sobre um assunto tão antigo? Mas na
medida que começa a exibição de um documentário que mostra imagens do confronto
e barulho de bombas, a atenção das crianças é capturada.
História viva /Após
o filme, veio a dinâmica. O tenente Wagner Luciano de Oliveira apresentou-se à
plateia mirim como o capitão Alves Bastos. Devidamente caracterizado como o
ex-combatente que lutou na região sul do Estado, o tenente explicou aos jovens
as raízes do movimento paulista e suas consequências.
“Sempre ouvi estas histórias. Quando eu
era pequeno achava que eram tolices. Agora sei a importância de ouvir os mais
velhos”, disse, contando que teve a oportunidade de conversar com o assessor do
capitão Bastos e que, a partir de um diário escrito pelo oficial, passou a
estudar e a buscar mais dados sobre a história da revolução.
O tenente explicou à plateia que
revolução também contou com a participação de crianças e adolescentes. Alguns
deles se destacaram a ponto de receber honrarias após a morte, como Aldo
Guiorato, que tinha 10 anos e é considerado o mais jovem soldado
constitucionalista. Ele foi enterrado junto com os combatentes.
O garoto era escoteiro em Campinas e
encarregado do transporte de correspondência da estação ferroviária
até o quartel. No trajeto ele foi atingido por uma série de estilhaços e
morreu.
O exemplo de coragem do escoteiro e as
imagens de combate em trincheiras animou a imaginação das crianças,
sobretudo dos meninos. “Quero ser soldado de guerra”, decide o estudante
Mateus Soares, 11 anos. Dando detalhes de tudo o que aprendeu sobre a
revolução, ele afirma que é importante conhecer o passado. “Eles lutaram para
que fosse feita a Constituição”, explica.
Já o amigo Leonardo Gomes, 11,
diz que aprendeu bastante com o tema e não imaginava detalhes como a
participação de crianças nos bastidores. “Foi muito interessante. É muito
legal saber tudo isso”, afirma.
Já no pátio, observando a apresentação
do canil da P M, as amigas Beatriz Rocha, 12 e Fabiana Monte, 13, contam que
gostaram da apresentação sobre a revolução e que tinham pouca informação, na
escola, sobre ela. “Valeu a pena vir aqui e saber mais”, dizem.
Data fecha a Semana da Revolução
As comemorações pelos 79 anos da Revolução Constitucionalista serão encerradas neste sábado (09), data máxima do conflito. Às 9h haverá apresentação da Banda Regimental de Música do CPI-7 e Desfile Cívico Militar. O evento acontece na Praça 9 de Julho (próxima à avenida Eugênio Salerno). A programação acontece em parceria com a Prefeitura de Sorocaba, Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba e Associação Memória da Revolução Constitucionalista de 32.
As comemorações pelos 79 anos da Revolução Constitucionalista serão encerradas neste sábado (09), data máxima do conflito. Às 9h haverá apresentação da Banda Regimental de Música do CPI-7 e Desfile Cívico Militar. O evento acontece na Praça 9 de Julho (próxima à avenida Eugênio Salerno). A programação acontece em parceria com a Prefeitura de Sorocaba, Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba e Associação Memória da Revolução Constitucionalista de 32.
40 mil
é o número estimado de paulistas envolvidos na revolução
é o número estimado de paulistas envolvidos na revolução
Importante só para São Paulo
A Revolução de 32 é um movimento
mais importante para São Paulo do que para qualquer outro estado.
Justamente por isso, o tema não é tratado de forma especial ou com destaque nos
livros. “É preciso esforço para que memória não se perca. Depende dos
educadores, da imprensa e do interesse de pesquisa”, opina o professor de
História, Carlos Cavalheiro.
A confusão que se faz entre os
combatentes de 1932 com os pracinhas de 1964 (soldados brasileiros que lutaram
na 2ª Guerra Mundial) pode ter sido um dos motivos que empurraram a
revolução para longe da memória. “Essa comemoração cívica foi decaindo
provavelmente por conta de uma certa aversão ao militarismo que havia no
período”, aponta o professor. “Hoje muita gente nem sabe o que é, mesmo que
seja feriado”.
O próprio fato do feriado se restringir
a São Paulo mostra o desinteresse por parte dos demais estados.
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