do jornal da estância
Gostaria de propor uma nova
abordagem de visualização política pública, para ser aplicado em nossa cidade: promover
o intercâmbio de conhecimento por meio de atividades de capacitação para
engajar os atores envolvidos em iniciativas colaborativas no cenário
metropolitano (vereadores, funcionários e gestores municipais e estaduais,
lideranças da sociedade civil, acadêmicos, agências públicas e movimentos sociais). Vou me concentrar nos acadêmicos, e proponho
uma questão para todos: por que as faculdades e universidades estão
negligenciadas no trabalho de capacitação participativa? A essas instituições é
dada tão pouca atenção analítica, principalmente aos profissionais (mestres,
doutores e alunos) que preparam material de pesquisa tão importante no que diz
respeito ao nosso município, e não vemos interesse nas partes em incorporar o
pensamento existente nessas instituições na formação de opinião pública
pensante, bem como na formulação de políticas públicas baseadas em pesquisas e
números, como os gerados nos censos demográficos nacionais.
Os educadores acadêmicos tendem a se
envolver, e disso falo com o discernimento de dois cursos universitários, com
pesquisas ligadas ao desenvolvimento de base, e muito menos com aplicações
práticas do desenvolvimento e serviço direto às comunidades, governos e órgãos
de elaboração de políticas públicas. E ficam algumas questões desafiadoras: até
que ponto o exame de trabalhos desenvolvidos em universidades é traduzido em
esforços reais de mudança social mais ampla? Como as comunidades vêem o
envolvimento das universidades no desenvolvimento delas?
Alguns dos fatores para que isso
aconteça ficam pela falta de criação de condições incentivadoras, como locais
de debate e deliberações democráticos, bem como o aproveitamento do fato de que
as universidades estão cada vez mais interessadas na contribuição às políticas
públicas e aos processos de engajamento público, pois é visto como importantes
no papel social, e alguns centros universitários tem a capacidade de
desenvolver centros de aprendizado para o serviço comunitário.
E qual a finalidade disso tudo? As
mudanças demográficas (relatadas pelos censos) foram bastante intensas no país
nos últimos 30 anos, com impacto significativo e regionalmente diferenciado
sobre a demanda de vagas escolares, postos de trabalho, indicadores de saúde,
etc. Os acadêmicos são os agentes indicados para pré-elaborar e sugerir
políticas públicas baseadas em informações dos censos e dos indicadores
sociais. O uso desses dados confere legitimidade às aplicações dos governantes,
da vereança, ou seja, permite que as decisões sejam pautadas em critérios considerados
relevantes, em um processo de interatividade com outros atores do processo.
Uma governança como se espera que
aconteça, exige que todos os participantes exerçam seu conhecimento como forma
de legitimar o processo contínuo da democracia.
Sergio Ricardo De Angelis
Empresário, engenheiro de materiais
com graduação em polímeros, com curso de Gestão e Avaliação de Políticas
Públicas (FGV)
zicodeangelis@gmail.com
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