De São Paulo
A juíza Patrícia Acioli, assassinada na semana passada em Niterói, desconfiava da segurança do Tribunal de Justiça do Rio desde 2002. Ela vinculou um oficial da Coordenadoria Militar do órgão, responsável pelas escoltas, a dois réus de processos que conduzia.
A informação é da reportagem de Italo Nogueira e Marco Antônio Martins publicada na edição desta quinta-feira da Folha. A reportagem completa está disponível para assinantes do jornal e do UOL (empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
De acordo com o texto, a juíza disse, em ofício enviado à presidência do TJ em 2009, que o então major Fernando Salema, hoje coronel, membro da coordenadoria, pediu a ela a liberdade de Gilberto Gomes, sargento da PM acusado de duplo homicídio e de forjar registro de morte em confronto com a polícia.
A juíza apontou ainda que Salema se disse amigo do agente penitenciário Wilson Farias dos Santos, acusado de triplo homicídio e suposto autor da primeira ameaça relatada por ela ao tribunal. Por esse motivo, escreveu a juíza, ela desistiu, em 2002, da escolta oferecida pelo tribunal e buscou segurança diretamente na Polícia Militar.
O caso foi denunciado à Corregedoria da PM em 2002. O resultado da sindicância, no entanto, não foi revelado. No TJ, a juíza só registrou os casos em ofícios em 2009, após o então presidente do órgão, Luiz Zveiter, perguntar a ela porque investigava um policial do tribunal.
Rafael Andrade/Folhapress | ||
Manifestantes usam toga, mordaça e Código Penal em protesto contra a morte da juíza em São Gonçalo |
OUTRO LADO
O coronel Fernando Salema, que ainda integra a equipe de segurança do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, afirmou ontem não ter motivo para interceder em uma decisão judicial. Procurado, o Tribunal de Justiça não comentou o caso.
"Esse depoimento da juíza é apenas uma parte do inquérito. Ao todo, o procedimento tem 300 páginas e não foi encontrado nada contra mim. Dois oficiais a orientaram mal e, depois de um tempo, ela entendeu isso", disse o coronel. Salema está há 26 anos na corporação.
Sobre a ausência de proteção à juíza, o presidente do TJ, Manoel Alberto Rebêlo, voltou a falar que a juíza não solicitou escolta neste ano. "Na minha administração [iniciada em 4 de fevereiro] não houve pedido", disse.
Editoria de arte/Folhapress | ||
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