Advogados visitam Conjunto Hospitalar e constatam falhas estruturais e de atendimento
Samira Galli
samira.galli@jcruzeiro.com.br
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Sorocaba enviará ao Ministério Público (MP) um relatório com os principais problemas enfrentados pela população no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS). O documento é resultado de uma visita realizada ontem ao conjunto pelos advogados em função das várias denúncias dos pacientes. O presidente da comissão, Claudinei Marchioli, afirmou que o relatório também será enviado ao interventor do CHS, Luís Cláudio de Azevedo Silva, à Secretaria de Estado da Saúde e à Prefeitura de Sorocaba. "Recebemos inúmeras denúncias, quatro delas por escrito", disse Marchioli. A Secretaria de Estado da Saúde informou que um outro relatório, elaborado pela equipe de intervenção, sobre as condições administrativas e gerenciais do CHS, está em fase de finalização, para que os problemas sejam solucionados o quanto antes.
A comissão da OAB visitou todas as instalações do hospital, analisou e fotografou as principais dificuldades. No relatório, serão pontuadas também sugestões de melhorias. "A preocupação nossa não é com o agora, mas não perder no futuro as melhorias que estão sendo anunciadas", afirmou Marchioli. De acordo com o presidente da comissão, os problemas com cirurgias, presentes na maioria das reclamações, melhoraram, ao menos em relação ao tempo de espera. "Há cerca de um mês e meio, vim para resolver um caso de uma pessoa que estava internada há 60 dias para a operação de uma fratura externa. O que parece hoje é que esta espera está menor, porque os médicos estão fazendo mutirões de cirurgia aos sábados, para tentar resolver a demanda".
Mesmo assim, ainda são registrados casos de cancelamento de cirurgia principalmente porque há apenas um centro cirúrgico para atender tanto as cirurgias seletivas quanto as do pronto-socorro, segundo Marchioli. "Então, se o paciente internado estava esperando cirurgia e acontece algum acidente, a dele será remarcada", comentou. De acordo com a Secretaria da Saúde, o CHS prioriza as cirurgias de urgência e emergência de pacientes com quadros graves e risco de morte. "O ideal seria construir um novo centro cirúrgico", destacou Marchioli.
Falta de material
Já o cancelamento de cirurgias por falta de material -motivo da suspensão da cirurgia do vendedor Celso dos Santos, 31, noticiada pelo jornal Cruzeiro do Sul no dia 28 de julho - não deverá mais acontecer, de acordo com a explicação da equipe de intervenção a Marchioli. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde, as faltas ocorrem pontualmente e os processos de compra estão em andamento, seguindo as regras da Lei de Licitações. "A equipe de intervenção explicou que o fluxo de compra de materiais está sendo reorganizado e as compras, seguindo critérios de urgência", diz a nota.
Queimados
O que mais chamou a atenção da Comissão de Direitos Humanos foi a situação encontrada na ala dos queimados do Hospital Regional. De acordo com o presidente, o setor tem condições e estrutura para atender 14 pessoas, mas atualmente consegue atender apenas seis por falta de funcionários. "Há aí uma capacidade desperdiçada, que poderia ser tranquilamente resolvida com novas contratações", enfatizou.
A assessoria afirmou que o relatório elaborado pelo CHS contempla a ala de atendimento aos pacientes queimados. O material apontará soluções para que o fluxo de atendimento do serviço seja organizado o mais rápido possível. "Todos os pacientes com quadros graves e risco de morte estão sendo prontamente atendidos", diz a nota.
Improvisos
A OAB verificou também a situação da ala de ortopedia e disse ter encontrado alguns improvisos por falta de equipamento, o que reflete a precariedade da situação. "Um exemplo é a situação dos pacientes que estão com fratura na perna, impossibilitados de dobrá-la. Nesses casos, os profissionais do hospital improvisaram o contrapeso com um galão de água de cinco litros, para manter as pernas dos pacientes esticadas", disse Marchioli.
A Secretaria de Saúde confirmou a situação e afirmou que a ala de ortopedia está merecendo atenção especial. Ressaltou também que será uma das áreas priorizadas nas propostas de reformulação gerencial e assistencial do CHS a ser apresentada nos próximos dias. E destacou que, mesmo assim, nenhum paciente internado na ala está sem assistência médica.
Atendimento
Além das denúncias sobre falta de material, equipamentos, funcionários e espaço físico, o atendimento do hospital também é bastante criticado pelos pacientes. Dependente químico, o serralheiro L.E.B.S., de 29 anos, procurou ajuda no hospital, mas foi mal atendido, segundo ele. "Estou tentando sair das drogas, procurando ajuda psicológica, chego aqui e sou escorraçado", disse.
Ele conta que há cinco anos procura solução para o problema, mas foi ofendido por um psiquiatra no CHS nas duas consultas em que foi atendido, com xingamentos e palavras de baixo calão. "Eu quero ter atendimento. Quero um medicamento que possa me ajudar. Estou procurando ajuda e não recebo. As pessoas vêm aqui porque estão precisando. Se está doente e é mal tratado, fica mais doente ainda", enfatizou.
A assessoria de imprensa do CHS disse que esta não é a orientação da direção do hospital, que recomenda a todos os funcionários, incluindo médicos, para que tratem os pacientes "com cordialidade e respeito". Informou ainda que o CHS irá apurar a reclamação e orienta o paciente e formalizar denúncia no serviço de ouvidoria da unidade, para que as providências legais e administrativas possam ser adotadas.
samira.galli@jcruzeiro.com.br
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Sorocaba enviará ao Ministério Público (MP) um relatório com os principais problemas enfrentados pela população no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS). O documento é resultado de uma visita realizada ontem ao conjunto pelos advogados em função das várias denúncias dos pacientes. O presidente da comissão, Claudinei Marchioli, afirmou que o relatório também será enviado ao interventor do CHS, Luís Cláudio de Azevedo Silva, à Secretaria de Estado da Saúde e à Prefeitura de Sorocaba. "Recebemos inúmeras denúncias, quatro delas por escrito", disse Marchioli. A Secretaria de Estado da Saúde informou que um outro relatório, elaborado pela equipe de intervenção, sobre as condições administrativas e gerenciais do CHS, está em fase de finalização, para que os problemas sejam solucionados o quanto antes.
A comissão da OAB visitou todas as instalações do hospital, analisou e fotografou as principais dificuldades. No relatório, serão pontuadas também sugestões de melhorias. "A preocupação nossa não é com o agora, mas não perder no futuro as melhorias que estão sendo anunciadas", afirmou Marchioli. De acordo com o presidente da comissão, os problemas com cirurgias, presentes na maioria das reclamações, melhoraram, ao menos em relação ao tempo de espera. "Há cerca de um mês e meio, vim para resolver um caso de uma pessoa que estava internada há 60 dias para a operação de uma fratura externa. O que parece hoje é que esta espera está menor, porque os médicos estão fazendo mutirões de cirurgia aos sábados, para tentar resolver a demanda".
Mesmo assim, ainda são registrados casos de cancelamento de cirurgia principalmente porque há apenas um centro cirúrgico para atender tanto as cirurgias seletivas quanto as do pronto-socorro, segundo Marchioli. "Então, se o paciente internado estava esperando cirurgia e acontece algum acidente, a dele será remarcada", comentou. De acordo com a Secretaria da Saúde, o CHS prioriza as cirurgias de urgência e emergência de pacientes com quadros graves e risco de morte. "O ideal seria construir um novo centro cirúrgico", destacou Marchioli.
Falta de material
Já o cancelamento de cirurgias por falta de material -motivo da suspensão da cirurgia do vendedor Celso dos Santos, 31, noticiada pelo jornal Cruzeiro do Sul no dia 28 de julho - não deverá mais acontecer, de acordo com a explicação da equipe de intervenção a Marchioli. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde, as faltas ocorrem pontualmente e os processos de compra estão em andamento, seguindo as regras da Lei de Licitações. "A equipe de intervenção explicou que o fluxo de compra de materiais está sendo reorganizado e as compras, seguindo critérios de urgência", diz a nota.
Queimados
O que mais chamou a atenção da Comissão de Direitos Humanos foi a situação encontrada na ala dos queimados do Hospital Regional. De acordo com o presidente, o setor tem condições e estrutura para atender 14 pessoas, mas atualmente consegue atender apenas seis por falta de funcionários. "Há aí uma capacidade desperdiçada, que poderia ser tranquilamente resolvida com novas contratações", enfatizou.
A assessoria afirmou que o relatório elaborado pelo CHS contempla a ala de atendimento aos pacientes queimados. O material apontará soluções para que o fluxo de atendimento do serviço seja organizado o mais rápido possível. "Todos os pacientes com quadros graves e risco de morte estão sendo prontamente atendidos", diz a nota.
Improvisos
A OAB verificou também a situação da ala de ortopedia e disse ter encontrado alguns improvisos por falta de equipamento, o que reflete a precariedade da situação. "Um exemplo é a situação dos pacientes que estão com fratura na perna, impossibilitados de dobrá-la. Nesses casos, os profissionais do hospital improvisaram o contrapeso com um galão de água de cinco litros, para manter as pernas dos pacientes esticadas", disse Marchioli.
A Secretaria de Saúde confirmou a situação e afirmou que a ala de ortopedia está merecendo atenção especial. Ressaltou também que será uma das áreas priorizadas nas propostas de reformulação gerencial e assistencial do CHS a ser apresentada nos próximos dias. E destacou que, mesmo assim, nenhum paciente internado na ala está sem assistência médica.
Atendimento
Além das denúncias sobre falta de material, equipamentos, funcionários e espaço físico, o atendimento do hospital também é bastante criticado pelos pacientes. Dependente químico, o serralheiro L.E.B.S., de 29 anos, procurou ajuda no hospital, mas foi mal atendido, segundo ele. "Estou tentando sair das drogas, procurando ajuda psicológica, chego aqui e sou escorraçado", disse.
Ele conta que há cinco anos procura solução para o problema, mas foi ofendido por um psiquiatra no CHS nas duas consultas em que foi atendido, com xingamentos e palavras de baixo calão. "Eu quero ter atendimento. Quero um medicamento que possa me ajudar. Estou procurando ajuda e não recebo. As pessoas vêm aqui porque estão precisando. Se está doente e é mal tratado, fica mais doente ainda", enfatizou.
A assessoria de imprensa do CHS disse que esta não é a orientação da direção do hospital, que recomenda a todos os funcionários, incluindo médicos, para que tratem os pacientes "com cordialidade e respeito". Informou ainda que o CHS irá apurar a reclamação e orienta o paciente e formalizar denúncia no serviço de ouvidoria da unidade, para que as providências legais e administrativas possam ser adotadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário