22/08/2011

Oito casas são roubadas por dia na capital



Camilla Haddad
A capital registrou no primeiro semestre deste ano, em média, oito roubos a residência por dia. Entre janeiro e junho, 1.520 casas foram atacadas por ladrões que fizeram famílias reféns. A parte nobre da zona sul é a mais atingida. Vila Sônia, Morumbi, Jabaquara, Campo Belo e Vila Clementino acumularam 240 casos, o equivalente a 16% do total.
Só neste mês, até o dia 10, houve 93 assaltos na cidade, 20 a mais em comparação a igual período do ano passado. Na sexta-feira passada, um engenheiro de 70 anos foi atingido por um tiro de fuzil em um assalto a sua casa, na Rua Manuel Carlos Figueiredo Ferraz, no Morumbi.
Policiais do 16.º Batalhão da Polícia Militar, que atende a área do Morumbi, relataram ao Jornal da Tarde que são constantes os chamados de ataques contra residências. Eles estão sendo orientados por seus superiores a andarem com uma relação de placas de veículos roubados nas últimas 72 horas e que possivelmente são utilizados na prática de roubos.
Houve casos em que ladrões trocaram tiros com PMs, como há duas semanas, quando uma quadrilha em um Hyundai ix35 rendeu um administrador de empresas na porta da casa dele, no Jardim Jabaquara, zona sul. Uma das pessoas da casa, um tributarista, foi ameaçado de ter o dedo cortado com uma faca de cozinha se não indicasse o cofre. As vítimas conseguiram controlar a situação. Ninguém foi ferido.
No começo deste mês, a região do Alto de Pinheiros, na zona oeste, onde o vice-presidente Michel Temer (PMDB) tem casa, no Alto de Pinheiros, registrou um assalto. Segundo investigadores, um vizinho do político ficou refém de criminosos por 15 minutos. Ladrões teriam levado objetos pessoais e um carro.
Traumatizados, moradores da capital têm reforçado a segurança dos imóveis. Alguns relatam que estão saindo menos de casa nos horários que poderiam se divertir. “A gente fica trancada e os ladrões estão pelas ruas. É assim que está a cidade”, conta uma engenheira de 31 anos.
A casa dela, no Bosque da Saúde, na zona sul, foi invadida por quatro criminosos também no dia 10 de agosto. Sete pessoas ficaram sob a mira de revólveres. “Eles eram violentos, queriam dinheiro, mas a gente não tem. Morar em um bairro bom acaba tendo um preço para nós”, disse ela, que aceitou receber a reportagem na condição de não se identificar nem divulgar seu endereço, que tem guarita e ronda particular. Mas nada adiantou. O bando rendeu o vigia e promoveu o roubo.
Uma empresária de 50 anos, moradora do Campo Belo, zona sul da cidade, também foi vítima e diz que instalará, nos próximos meses, sistema de câmeras e contratará uma pessoa que possa controlar o acesso à casa, bem em frente ao portão. “São Paulo está num ponto que não dá mais. Qualquer lugar que se vá tem esse clima de medo”, afirmou.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), nos últimos dez anos, o mercado de segurança vem crescendo com taxas médias anuais de 13%.
A entidade diz que as principais tecnologias procuradas são câmeras, com 40% das vendas, seguidas de alarmes contra intrusos, com 26%, sistema de controle de acesso, com 24%, e produtos de combate a incêndios, com 10% das vendas.

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