Polícia apreende documentos para investigar fraude em Taboão



ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

A Polícia Civil de São Paulo cumpriu hoje 52 mandados de busca e apreensão em locais públicos e residências onde vivem ou trabalham suspeitos de envolvimento num esquema para fraudar o sistema de arrecadação de multas de Taboão da Serra, no extremo sul da Grande São Paulo. Foram apreendidos diversos documentos.
As ordens de busca e apreensão são da juíza Flávia Castellar Olivério. Dentre os locais onde os policiais civis cumpriram os mandados estão as secretarias municipais de Transportes e de Assistência Social de Taboão da Serra.
A casa do vereador José Aprigio da Silva, do PRB, também foi alvo da operação policial nesta terça-feira. O político é investigado sob suspeita de ter intermediado baixas irregulares em multas de trânsito aplicadas na cidade. A reportagem não o localizou até o momento.
MULTAS SUSPEITAS
De acordo com a investigação da Polícia Civil, entre janeiro de 2006 e abril deste ano, dos 12.651 recursos para reverter multas de trânsito em Taboão, 7.080 foram aceitos, muitos a partir de pedido de políticos locais.
Com isso, Taboão deixou de recolher cerca de R$ 1 milhão com multas. As multas que foram mantidas geraram receita de R$ 893 mil para os cofres públicos.
Uma das multas aplicadas e que não foi paga por causa de recurso, no valor de R$ 127,69, foi aplicada em um carro registrado em nome do prefeito Evilásio Cavalcante Farias (PSB).
O prefeito Farias disse não ter feito o recurso que o livrou de pagar a multa porque o motorista do seu veículo dirigia sem cinto de segurança.
Questionado sobre a multa em seu nome que não foi paga, o prefeito Farias disse: "Meu carro é como a casa da mãe Joana. Todo mundo usa. Não fiz recurso nenhum e preciso ir atrás disso. Não fiz pedido algum para abonar multa de carro meu. Uso um carro oficial e blindado", disse o prefeito de Taboão.
Enquanto a média de recursos deferidos na cidade de São Paulo é de 35%, segundo a Secretaria Municipal de Transportes, em Taboão esse índice é de 56%.
Dentre os recurso aceitos, estão textos como este: "Eu não estava com celular, usava uma pulseirinha preta na mão esquerda", "pelo meu velocímetro não estava marcado velocidade acima do permitido" ou "talvez me excedido na velocidade, mas tenho pena conssiencia de que não vi a placa que marcava a velocidade determinada nesta avenida, conserteza si tivese visto teria reduzido a velocidade a determinado pela mesma" (sic).
OUTRAS INVESTIGAÇÕES
Ao todo, a Polícia Civil instaurou 20 inquéritos policiais para investigar irregularidades na gestão de Farias.
Além da questão das baixas irregulares nas multas, a gestão de Farias está sob suspeita de ter usado verba pública para pagar a defesa de 7 das 22 pessoas que estavam presas sob a acusação de fraudar a arrecadação de IPTU em sua própria gestão.
Outro dos inquéritos policiais em andamento sobre possíveis crimes na gestão de Farias em Taboão da Serra tem como alvo o jornalista Wagner Florêncio Império.
Ele é investigado sob suspeita de retransmitir informações da apuração policial aos acusados de fraudar a arrecadação de tributos em Taboão. Ele é alvo de um inquérito policial por formação de quadrilha e peculato.
Os vereadores da cidade votam nesta terça-feira os pedidos de afastamento e de impeachment do prefeito.

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