Por Marcelo Godoy e William Cardoso
Depois de apurar por duas semanas o roubo à agência do Itaú na Avenida Paulista, o Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) prendeu ontem o primeiro acusado de envolvimento com o grupo de assaltantes responsável pelo crime. A quadrilha levou uma fortuna estimada em R$ 100 milhões, de 120 clientes do banco. Tudo em dólares, euros, libras esterlinas, joias, diamantes e barras de ouro.
Trata-se do pedreiro Marco Antônio Rodrigues dos Santos, de 29 anos, que não estava com o bando no dia 27 de agosto, data do roubo milionário. Ele é irmão de um dos autores do crime e, segundo o delegado Nelson Silveira Guimarães, diretor do Deic, foi presenteado com US$ 8 mil, £ 10,8 mil, 12 joias e cerca de 400 pedras preciosas grandes e pequenas.
“Diante do que foi roubado, o que encontramos com ele é pouco”, afirmou Guimarães. “Mesmo assim, é importante. É o começo que nos permitirá identificar o restante da quadrilha.”
Santos foi indiciado por receptação de objetos roubados e formação de quadrilha. Ele foi apanhado em sua casa na zona norte de São Paulo, na Rua Silvano de Almeida, no Limão. Contou que havia escondido o que recebera do irmão na casa de sua namorada, na Rua Liberty, em Embu das Artes, na Grande São Paulo.
Ali, embaixo de um sofá, havia um pacote com libras, as joias e as pedras. Em um dos quartos, os policiais acharam uma máquina para cortar metal. O acusado confirmou que o irmão, o cabeleireiro Francisco Rodrigues dos Santos, participou do roubo.
Francisco foi um dos homens fotografados pelo sistema de segurança do banco. “Não sabemos se as pedras encontradas são esmeraldas ou turmalinas. Elas serão avaliadas pela perícia”, disse Guimarães. Ainda de acordo com o delegado, o acusado trocou os dólares por uma Montana, que também foi apreendida. “Tudo isso foi um troco que ele recebeu do irmão.”
A polícia descobriu Marco Antônio de uma forma simples: ele teria começado a fazer gastos com moeda estrangeira. “Você já viu vagabundo andar com libra esterlina no bolso?”, disse o delegado. Até ontem, apenas cinco dos clientes haviam procurado a polícia e dado queixa de roubo de bens avaliados em R$ 10 milhões.
A investigação oficial do crime, conduzida pelo Deic, começou com oito dias de atraso, depois que um desencontro de informações permitiu aos bandidos uma fuga tranquila. Um dos líderes do bando seria um assaltante conhecido como Clebinho.
O Itaú anunciou ontem que vai acabar com o aluguel de cofres particulares. Um serviço considerado ultrapassado pelos executivos de bancos, o aluguel de cofres corre o risco de desaparecer.
Cada cliente pode guardar o que quiser no cofre. O banco paga apenas R$ 15 mil de seguro em caso de roubo, mas é possível contratar um seguro particular.
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