24/09/2011

PT admite falta de unidade partidária



Presidente José Carlos Triniti Fernandes fala que a sigla vive uma crise em torno das pré-candidaturas

Marcelo Andrade
marcelo.andrade@jcruzeiro.com.br

O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), José Carlos Triniti Fernandes, admitiu que a sigla vive uma crise instalada pela falta de unidade e harmonia entre suas principais lideranças e grupos, que se agravou nos últimos dias, em torno das discussões das pré-candidaturas à Prefeitura de Sorocaba para 2012. A revelação foi feita na tarde de ontem após o deputado Hamilton Pereira anunciar, na noite de quinta-feira, que desiste de sua pré-candidatura para prefeito e que a decisão teria sido tomada como forma de "não agravar ainda mais a situação", por conta da falta de unidade em torno do partido. A concessão feita pelo deputado ainda não resolve o impasse, já que a ex-deputada federal Iara Bernardi e o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Paulo João Estáusia, não abrem mão de se lançarem candidatos nas próximas eleições municipais. 

De acordo com Triniti, que esteve ao lado de Hamilton durante a entrevista coletiva, o posicionamento desses dois blocos, que defendem candidaturas diferentes, é respeitado, mas haverá tentativa de se chegar a um consenso para que o nome seja definido sem as eleições prévias do partido, no dia 27 de novembro. O presidente da sigla diz aposta em dois fatores para se chegar num consenso em torno de um nome como pré-candidato, numa tentativa de se evitar prévias: paciência e diálogo. 

"Hoje? Posso dizer que o PT não está unido. Tínhamos três e, agora, duas pré-candidaturas. Mas unidos nós não estamos. É nessa busca que estamos trabalhando. A candidatura de consenso deve nos ajudar a unir o partido", argumentou Triniti, que completou: "Acho que esse gesto do Hamilton (em retirar sua pré-candidatura) nos ajuda em muito. Se ele continuasse à diante, e fosse exercer a maioria do partido, ele seria o candidato escolhido. Por isso, nós estamos fazendo todos os esforços para essa unidade dentro do PT, para um consenso. E eu acredito muito nisso." 

Questionado se a saída de Hamilton da disputa não seria tampar o sol com a peneira, vindo até mesmo a prejudicar a sigla numa possível disputa nas eleições, pois além de dois que ainda permanecem (Paulo Estáusia e Iara) demonstrarem estar irredutíveis, não dispõem de visibilidade e exposição política, Triniti ponderou: "Todos estão qualificados para a disputa e estão em seu direito. Agora, o que precisamos é de um consenso e da busca de um diálogo."
 
"Rodoviários" e reflexão 
Quando perguntado se a situação teria se agravado após o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Paulo Estáusia, ter anunciado sua pré-candidatura; e de que nos bastidores comentários dão conta de que seria para prejudicar a candidatura de Hamilton, o presidente do PT local limitou-se a dizer: "Eu nunca ouvi do Paulinho qual o objetivo da sua candidatura. Entendo que é para disputar as eleições. Quero crer que não seja para melar essa ou aquela candidatura. Fui uma surpresa, lógico. Mas ele tem todo direito em disputar." Em relação a um possível apoio ao ex-tucano Renato Amary (PMDB) num eventual segundo turno, Triniti esquivou-se, mas diante da insistência, ponderou que é possível. "Vamos discutir, há a possibilidade, sim...", resumiu.

Já o deputado Hamilton Pereira também não escondeu sua frustração diante da falta de consenso e harmonia interna do PT, em torno da busca por um nome de consenso para a disputa das eleições. Esclarece que a retirada de seu nome foi pensando em permitir unidade ao PT e por entender que uma prévia, neste momento, só servirá à "recomposição das forças conservadoras" que pretendem (o PT) derrotar. "Nunca a conjuntura, em Sorocaba, foi tão favorável ao PT. Soma-se a isso o inegável sucesso popular dos dois governos Lula e o atual, da presidenta Dilma, o que, cada vez mais, consolida o PT como a alternativa real de poder das forças progressistas. Entretanto, temos verificado que internamente o partido vive alguns conflitos. Nessa conjuntura, isto acaba, dificultando a unidade necessária para disputarmos essa eleição com capacidade, com possibilidade de vitória", disse.

Sobre a falta de diálogo, Hamilton foi taxativo: "Infelizmente, esse entendimento não aconteceu. Muito pelo contrário, as discussões foram se intensificando, mas não caminhando para um bom entendimento. Nesse sentido, com muita reflexão, discussão com o coletivo que eu converso dentro do PT, fomos avaliando esse quadro e chegamos à conclusão que deveríamos fazer um gesto pela unidade do partido. Nesse sentido tive à disposição de retirar o nome. O partido é maior que qualquer um de nós", finalizou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário