22/09/2011

Sabesp improvisa ligação de água



Por Fabiano Nunes
Quatro ruas da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, estão com um visual diferente. Para evitar o desabastecimento de água no local durante uma obra, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) instalou mangueiras aéreas que são ligadas à rede. Os moradores reclamam da sujeira, da estética e da falta de água em alguns dias. De acordo com engenheiros consultados pela reportagem, o procedimento é comum durante a realização de obras provisórias, mas existem alternativas, que causariam menos transtorno.
Segundo a Sabesp, serão substituídos cerca de três quilômetros da antiga rede de água por uma moderna. A obra atinge as Ruas Solimões, Laviero Abondanza, Dos Americanos e Doutor Francisco Hartsung.
“Falaram que é provisório, mas essa bagunça está desde maio”, reclamou o comerciante Kazuo Kachiwasaki, de 54 anos, que tem um mercado na Rua Solimões. De acordo com ele, mesmo com a ligação provisória, o abastecimento fica comprometido. “Tem dia que ficamos sem água, e eles não nos dão um prazo para o fim da obra”, disse.
Segundo a Sabesp, a nova rede de água permitirá o aumento da pressão da água na rede. “Antigamente a água chegava com pouca pressão. Espero que a reforma melhore isso, mas esteticamente a rua está feia, sem contar a sujeira que fica”, disse o comerciante Adalberto Pires, de 25 anos.
A Companhia de Saneamento explicou que o sistema by-pass (mangueira aérea ligada à rede) é uma técnica utilizada em obras de substituição de rede de água para minimizar o desabastecimento nos imóveis durante a execução dos serviços. Funciona da seguinte forma: uma mangueira, com cerca de dois centímetros de diâmetro, é ligada ao sistema da Sabesp. Em seguida são criados ramais com mangueiras que são ligadas aos hidrômetros das residências.
Segundo o engenheiro Luiz Roberto Pladevall, diretor da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), o by-pass é usado para a realização de obras provisórias. “Desde que não seja criado nenhum prejuízo para a qualidade da água e um inconveniente no abastecimento, esse sistema funciona muito bem. Mas se está provisório desde maio, poderia ser feito algo com um pouco mais de capricho”, disse o diretor da Abes. Outro engenheiro consultado pela reportagem, que trabalha para a Sabesp, e pediu para não ser identificado, explicou que seria possível construir uma ligação provisória ao lado da antiga rede. “Do jeito que foi feito é uma gambiarra provisória. Poderia ser feita uma ligação paralela, que seria mais eficiente.”
Nadir Baleiro, de 41 anos, que trabalha em uma padaria na Rua Solimões, disse que é preciso improvisar na cozinha para não ficar sem água na caixa d’água. “Armazenamos água na bacia para lavar a louça. Se usarmos só a água da caixa, corremos risco de ficar sem em dia de desabastecimento.”
Segundo a Sabesp, há necessidade de interromper o abastecimento de água em alguns períodos, como, por exemplo, no momento da remoção da rede antiga. A população afetada é avisada por meio de folheto, com pelo menos dois dias de antecedência. A empresa disse que a previsão é de concluir a obra na segunda quinzena de outubro.

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