21/09/2011

Sorocaba: Professores cobram reajuste e acusam sindicato



Audiência pública para debater valorização da categoria dura três horas e sinaliza paralisação no ensino

Leandro Nogueira
leandro.nogueira@jcruzeiro.com.br

Aos coros de ""paralisação"", o público formado em sua maioria por mulheres lotou o plenário (destinado aos vereadores), galeria (assentos para o público), corredores e saguão de entrada da Câmara de Sorocaba, na noite de ontem. Na audiência pública com mais de três horas de duração em que os professores do ensino municipal cobraram equiparação e reajuste salarial, o Sindicato dos Servidores Públicos foi acusado por vereadores de não defender as reivindicações trabalhistas. Principalmente o presidente da Câmara, Marinho Marte (PPS) e o vereador José Caldini Crespo (DEM) alegaram que o representante do Sindicato enviado para a audiência estava impedido de assumir compromissos. Criticaram a ausência do presidente do Sindicato, Sérgio Ponciano e decidiram elaborar uma moção de repúdio contra o Sindicato, a ser apresentada pelo vereador Crespo. Uma das reivindicações dos professores, a de igualar os salários dos que lecionam do ensino infantil à quinta série com os da sexta à nona série do ensino fundamental é cobrada há quase três anos.

O vereador Marinho Marte, que convocou a audiência pública, comprometeu-se que a Câmara, independente da participação do Sindicato, lutará pelas pautas de reivindicações dos professores e demais profissionais da área. Disse que hoje tentaria agendar a data para uma reunião na Prefeitura, com a participação de representantes de todas as associações trabalhistas que estiveram ontem na Câmara. Representantes do funcionários do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e motoristas de ambulâncias também levaram as suas reivindicações. Os profissionais do Saae, de acordo com um integrante da comissão que os representa, desejam reposição salarial de 40%, o que julgam terem perdido desde 1994, quando comparado à média da inflação da cesta básica e salário mínimo. Já os motoristas de ambulâncias, segundo o líder da categoria, Ailson Carlos Zandoná, reivindicam reajuste de 30% para equipara os salários com os dos mesmos profissionais de outras cidades da região.

Apesar do alvoroço que a palavra paralisação provocava na plateia, a categoria dos profissionais da educação está mobilizada para que conste no projeto do orçamento do município para 2012 a previsão suficiente para que haja o aumento salarial. O projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) deve ser remetido à Câmara pelo prefeito Vitor Lippi (PSDB) até o dia 30.

Segundo a presidente da Associação dos Professores e Auxiliares de Educação do Município de Sorocaba (Aspams), Selma Aparecida de Souza, as exigências para os profissionais que lecionam para alunos do ensino infantil até a quinta série são as mesmas para os que ensinam da sexta à nona série, inclusive quanto à formação. Os primeiros, considerados PEB1 recebem aproximadamente R$ 11,00 por aula dada, enquanto os denominados PEB2 tem a remuneração de cerca de R$ 15,00, uma diferença de 27%. Mas também deseja que a remuneração por aula seja de R$ 30,00, o equivalente ao que ganha um professor de ensino superior com formação universitária. A presidente da Aspams ressalta que esse é um direito previsto no Plano Nacional da Educação.

Outro grupo de profissionais da educação, o do suporte pedagógico, reivindica que os salários dos profissionais contratados nos últimos dois anos seja equiparados com os admitidos antes da nova lei. O suporte pedagógico é formado por diretores de escolas, vice-diretores, coordenadores e orientadores. Os orientadores, segundo eles, tem até mais atribuições do que os coordenadores, mas os salários teriam diferença de cerca de 48%, conforme explicou o representante da comissão dos educadores do suporte pedagógico, Antônio de Deus. 

Durante a audiência, as críticas contra o Sindicato aumentaram com as respostas do diretor de assuntos trabalhistas do Sindicato, Marcos Eduardo Rosa Pereira, consideradas "tímidas" pelos professores e vereadores. Segundo Pereira, o presidente Ponciano não pôde comparecer porque, além de estar em férias, enfrenta problemas de saúde (pressão alta). Em determinado momento o vereador Crespo ordenou que Pereira ligasse para Ponciano ou deixasse o plenário, determinação que não foi atendida. Oito vereadores estiveram na audiência. Além dos já citados, participaram Anselmo Neto (PP), Geraldo Reis (PV), Izídio de Brito (PT), João Donizeti (PSDB), Pastor Luís Santos (PMN), Rozendo de Oliveira (PV).

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