Furioso com o PT, o PC do B se movimentou para não perder o Ministério do Esporte e avisou que abrirá guerra contra o governador petista do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, se for abandonado à própria sorte. Antes da chegada da presidente Dilma Rousseff ao Brasil, porém, o governo agiu para apagar o incêndio e comunistas receberam garantia de que o Esporte continuará sob direção da sigla, mesmo sem Orlando Silva.
A saída de Orlando é considerada questão de tempo pelo Palácio do Planalto. Acusado pelo PM João Dias Ferreira de coordenar esquema de desvio de verbas do programa Segundo Tempo, o ministro enfrenta desgaste. O PC do B, porém, exige que o PT dê a ele a oportunidade de se defender, já que não admite sair da Esplanada com a pecha de corrupto. O ministro diz que Ferreira não apresentou provas contra ele até agora.
“Eu estou vivendo verdadeiro linchamento moral e vou até o fim para lavar a minha honra”, disse Orlando, que se reuniu ontem por cinco horas com a cúpula do PC do B, em Brasília. Até agora, o nome mais cotado para substituí-lo é o da ex-prefeita de Olinda (PE) Luciana Santos, hoje deputada federal. Ela era o nome que Dilma gostaria de ter chamado quando montou a equipe, mas o PC do B cerrou fileiras por Orlando.
Na reunião comunista, dirigentes não pouparam críticas ao PT, acusado de estar por trás do inferno astral de Orlando. A portas fechadas e sob pressão, lembraram, ainda, que o suposto esquema de irregularidades nos convênios começou quando Agnelo – então filiado ao PC do B – era ministro.
As denúncias contra Agnelo, alvo de inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ), preocupam o Planalto. Antes de voltar de Angola, Dilma defendeu Orlando e o PC do B. “Não vamos fazer apedrejamento moral de ninguém”, afirmou. “Nós temos de apurar os fatos, temos de investigar. Se apurada a culpa das pessoas, puni-las. Agora, isso não significa demonizar quem quer que seja, muito menos partidos que lutaram no Brasil pela democracia.”
Dilma qualificou como “tolice” os comentários de que o governo está em rota de colisão com o PC do B. “O meu governo respeita o PC do B e acha que ele tem quadros absolutamente importantes para o País.” No Planalto, Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) se reuniram com o presidente do PC do B, Renato Rabelo. “Ninguém vai tirar o Esporte do PC do B”, afirmou Carvalho.
Comissão do PC do B ainda foi procurar o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, para mostrar a ele que foi o próprio Orlando quem pediu a investigação de fraudes no Esporte.
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