21/10/2011

Governo da Líbia planeja sepultar Khadafi em local secreto




BBC BRASIL
O governo interino da Líbia informou que o corpo do líder líbio deposto Muamar Khadafi será sepultado ainda nesta sexta-feira em um local secreto.
Segundo a correspondente da BBC em Trípoli Caroline Hawley, as autoridades do Conselho Nacional de Transição (CNT) ainda não sabem onde e como o sepultamento deve ocorrer.

O corpo do líder líbio deposto foi exposto pelas ruas de Misrata na quinta-feira.
Acredita-se que o corpo de Khadafi ainda esteja em Misrata, a cidade para onde ele foi levado depois de sua captura na cidade de Sirte.
Enquanto as autoridades decidem sobre o destino do corpo de Khadafi, as comemorações pela morte do ex-líder continuaram durante a noite em todo o país.
Mulheres e crianças comemoram a morte de Khadafi em Misrata (Reuters)
Mulheres e crianças comemoram a morte de Khadafi em Misrata
No entanto, ainda há dúvidas sobre as circunstâncias exatas da morte de Khadafi. Fotos e vídeos mostraram o ex-líder vivo e ensanguentado logo depois da captura em uma ofensiva contra sua cidade natal, Sirte.

Arrastados pelas ruas

O premiê interino Mahmoud Jibril disse, horas depois de ter anunciado a morte de Khadafi, que ela ocorreu na cidade de Sirte, em meio a uma troca de tiros entre simpatizantes do coronel e combatentes do CNT.
Segundo Jibril, Khadafi – que governou a Líbia por 42 anos – foi capturado vivo, mas morreu de ferimentos a bala antes de ser levado ao hospital. O governo nega que o líder líbio deposto tenha sido executado.
Imagens de vídeo sugerem que o corpo foi arrastado pelas ruas e agredido. Não está claro se Khadafi estava vivo ou morto na ocasião.
Antes, alguns combatentes anti-Khadafi haviam dado uma versão diferente, alegando que o coronel tinha levado tiros ao tentar escapar.
Simpatizante de Khadafi preso em Trípoli nesta quinta (Reuters)
Ofensiva contra Sirte, cidade natal de Khadafi, teria resultado na morte do coronel
Um combatente leal ao CNT da Líbia disse à BBC que encontrou Khadafi em um buraco em Sirte e que o ex-líder teria pedido que ele não atirasse. O combatente brandia uma pistola dourada que dizia ter pertencido a Khadafi.
Mohammed Sayed, integrante do CNT, disse à BBC que duvida que ocoronel tenha sido morto intencionalmente, mas acrescentou que "mesmo se ele foi morto intencionalmente, acho que ele mereceu".
"Mesmo se ele tivesse sido morto mil vezes, acho que não vai pagar aos líbios o que ele fez. Nós perdemos mais de 70 mil de nossos melhores homens por causa deste monstro."
Há relatos de que Mutassim Khadafi, filho do coronel e ex-conselheiro de segurança nacional, também teria morrido na ofensiva. Um jornalista, junto com a agência de notícias Reuters, descreveu como o corpo de Mutassim foi colocado em cima de cobertores no chão de uma casa em Misrata enquanto o público tentava tirar fotos com seus telefones celulares.
Quanto a Saif al-Islam, outro filho de Khadafi, os relatos são conflitantes. O ministro da Justiça interino, Mohammad al-Alagi, disse à Associated Press que ele havia sido capturado e levado ao hospital com um ferimento na perna. Mas outro representante do CNT afirmou que o paradeiro de Saif al-Islam é desconhecido.
No campo internacional, acredita-se que a Otan, que deve realizar uma reunião nas próximas horas, anuncie o fim de sua ofensiva aérea na Líbia.
O secretário-geral da aliança, Anders Fogh Rasmussen, disse que, com a morte de Khadafi, "esse momento (de encerramento da campanha militar) ficou muito mais próximo".

Festejo

Imagem de Khadafi
Muitos líbios se perguntam a respeito dos próximos passos do país sem Khadafi
O anúncio da morte foi comemorado por parte da população, que saiu para festejar nas ruas de Trípoli e Benghazi. Líderes estrangeiros, como o presidente americano, Barack Obama, o presidente da França, Nicolas Sarkozy e o premiê britânico, David Cameron exaltaram a captura de Khadafi e pediram união à Líbia.
Obama disse que a morte de Khadafi "encerra um capítulo doloroso" para a Líbia, mas destacou que o país tem um caminho "tortuoso" rumo à democracia plena.
Nas ruas da capital líbia, centenas de pessoas levaram bandeiras da Líbia e cantaram gritos de louvor a Deus, relata a correspondente da BBC, Rana Jawad.
Ao mesmo tempo, muitos se perguntam a respeito dos próximos passos do país, que há até pouco tempo sequer podia imaginar que deixaria de ser governado por Khadafi.

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