24/11/2011

Com dados suspeitos, Rio é rebaixado


Falta de dados também fez Minas Gerais ser classificada como um Estado onde os índices de segurança são da 'pior qualidade'


Bruno Paes Manso e Pedro Dantas, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O Fórum Brasileiro de Segurança Pública criou três categorias para classificar os dados enviados pelos Estados para a criação do levantamento. As 27 unidades da Federação estão divididas em três grupos: no primeiro, estão os dados de melhor qualidade e no terceir o, os de pior. Ficam no segundo grupo os dados com qualidade intermediária.
Rio de Janeiro e Minas Gerais, que vinham obtendo bons resultados na redução das taxas de criminalidade, tiveram seus dados classificados entre os Estados cujos dados são de pior qualidade, juntamente com Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Pará e Rio Grande do Norte.Os motivos para a baixa classificação dos mineiros e fluminenses são diferentes.
No caso de Minas, segundo técnicos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram enviados apenas 74% dos dados oficialmente publicados pelo governo mineiro, o que acaba causando distorção no ranking.
Para o professor Luiz Flávio Sapori, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, a divulgação neste ano dos dados mineiros de segurança pública tem sido um problema grave. “Estamos no fim do ano e o governo mineiro ainda não divulgou nenhum quadro estatístico da criminalidade do Estado. Vemos alguns indícios de que a criminalidade está crescendo no Estado e o segredo sobre os números talvez seja um sintoma.”
No Rio, estudo de Daniel Cerqueira, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou problemas no registro de mortes a esclarecer que diminuem o impacto da tendência de queda de homicídios.
Recurso. Em entrevista coletiva no fim da tarde de ontem, representantes das Secretarias de Segurança e de Saúde do Estado do Rio reconheceram que houve discrepância nas estatísticas de criminalidade divulgadas pelo governo federal, mas afirmaram que vão recorrer contra o rebaixamento imposto pelo Ministério da Saúde em relação à confiabilidade dos dados sobre criminalidade no Rio.
“Foi uma injustiça com quem trabalha, dá a cara a tapa e expõe suas informações. Fiquei surpreso ao saber”, afirmou o tenente-coronel da PM Paulo Augusto Teixeira, diretor-presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão subordinado à Secretaria de Segurança e responsável pela análise e divulgação dos índices de criminalidade.
O subchefe administrativo da Polícia Civil, delegado Sérgio Caldas, disse que, para diminuir o alto número de mortes por causas indeterminadas no Estado do Rio, já foi firmado um convênio entre as Secretarias de Segurança e de Saúde para rever cada óbito não esclarecido que possa ter sido homicídio doloso.
A assessora de Dados Vitais da Secretaria da Saúde, Ângela Cascão, culpou o fim de um convênio entre a pasta da Saúde e a Polícia Civil, em 2006, pela discrepância entre os números da Segurança Pública e da Saúde. “Há uma dificuldade para a obtenção dos dados da Segurança Pública por parte da Secretaria de Saúde, mas estamos revertendo isso com esse novo convênio.” Segundo ela, um dos recursos para acelerar a obtenção de informações é a determinação para que, nas certidões de óbito por mortes violentas, conste o número do boletim de ocorrência relativo ao caso.

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