10/11/2011

Médicos questionam terceirização de UTI



Secretaria de Estado nega e fala que estuda convênio com entidade filantrópica para ampliar leitos
 Jornal Cruzeiro do Sul
André Moraes
andre.moraes@jcruzeiro.com.br

A informação de que o setor da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) -- do qual o Hospital Regional faz parte -- poderia ser terceirizado, para possibilitar o aumento de leitos do local dos atuais dez para trinta, deixou os médicos do local receosos quanto à manutenção de seus empregos. Com isso, eles procuraram o Sindicato dos Médicos de Sorocaba e região, que, conforme o seu presidente Antônio Sérgio Ismael, se diz contra a determinação e ainda está para decidir qual atitude será tomada. Porém a Secretaria de Estado de Saúde, que administra o CHS, nega esse fato e informa que está estudando a possibilidade de firmar um convênio com uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, para poder dispor de mais profissionais trabalhando naquela área.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos de Sorocaba e região, o próprio interventor e diretor do CHS, Luís Cláudio Azevedo Silva, teria informado aos médicos do Hospital sobre a terceirização da UTI na semana passada. "Por enquanto não tenho mais informações, mas o interventor disse isso", relata Ismael, dizendo ainda que a entidade se declara totalmente contra essa possível decisão. "A princípio achamos que é complicado fazer uma terceirização, pois o hospital já está todo retalhado", alega o presidente do sindicato, se referindo a alguns setores do Regional que já foram terceirizados. 

Apesar de ter declarado que o sindicato não admite "qualquer tipo de terceirização", Ismael revela que está esperando uma confirmação dessa informação para poder decidir qual atitude será tomada. Segundo o presidente, os médicos procuraram a entidade, por estarem temendo por seus empregos. "Mas o interventor teria dito que os médicos da UTI seriam transferidos para outros setores", ressalta.

A diretora da regional de Sorocaba do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (SindSaúde), Maria do Amparo, também foi procurada pela reportagem para comentar a possível terceirização, porém afirmou que não estava sabendo sobre o assunto. "A informação que temos é que a UTI tem poucos leitos para o número de atendimentos que o hospital precisa realizar", diz. Segundo ela, uma reunião com a equipe de funcionários do CHS foi marcada para amanhã -- o horário ainda será definido --, quando os diversos problemas encontrados no hospital serão discutidos.

A Secretaria de Estado da Saúde, por meio de sua assessoria, alega que, para poder ampliar o número de leitos, estaria estudando a possibilidade de firmar um convênio com alguma entidade filantrópica, que ficaria incumbida de enviar os profissionais necessários para realizar os atendimentos, além dos já existentes no hospital. "Estamos precisando de funcionários, por isso estamos estudando essa possibilidade", assegura. Segundo a pasta, se fosse ser realizado um concurso público para a contratação de profissionais, isso demoraria "no mínimo" seis meses, por conta de todos os processos burocráticos que ele acarreta. "A nossa intenção é aumentar o número de vagas para a UTI e ajudar a população o quanto antes", garante a secretaria. 

20 leitos a mais 
O anúncio de que o Conjunto Hospitalar de Sorocaba teria um aumento de 20 leitos na UTI - passando para 30, em sua totalidade - foi feito pelo interventor e diretor, Luís Cláudio Azevedo Silva, em setembro deste ano. Segundo ele, essa seria uma das ações a serem tomadas, dentro de um plano emergencial, para poder zerar a fila de espera dos pacientes, além de "recuperar a imagem e a credibilidade" da instituição. 

De acordo com a assessoria da Secretaria de Estado da Saúde, o espaço para receber esses leitos será o mesmo disposto atualmente no Hospital Regional, que deverá sofrer somente algumas adaptações. O interventor e diretor sinalizou, na época do anúncio, que esse aumento de leitos seria feito até o final deste ano. Porém, a assessoria da Secretaria de Estado da Saúde afirmou ontem que não há uma data definida para isso, já que ainda estuda a possibilidade do convênio com uma entidade ou a realização de um concurso público para a contratação de demais profissionais.

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