Folha de S.Paulo
O prefeito Gilberto Kassab (PSD) gastou apenas um terço da verba reservada este ano no Orçamento para a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros.
Até 31 de outubro, véspera do período intenso de chuvas, ele havia usado R$ 12,5 milhões dos R$ 37 milhões previstos -33,6%.
Gastar abaixo do que prevê o Orçamento é prática antiga da gestão, aponta relatório de auditoria feita pelo TCM (Tribunal de Contas do Município) na Defesa Civil do município no ano passado.
Desde 2008, o percentual de aplicação do dinheiro previsto variou de 41,2% em 2009 a 64,3% em 2010.
A maior parte do dinheiro deste ano era para a operação dos postos do Corpo de Bombeiros --a instituição é vinculada ao Estado, mas, por convênio, cabe à prefeitura dar estrutura ao órgão.
Dos R$ 32 milhões previstos para essa ação, R$ 11,5 milhões foram gastos até outubro, mês em que a prefeitura abriu licitações para comprar coletes e flutuadores salva-vidas, nadadeiras, apitos e lanternas.
Os equipamentos devem ser entregues apenas em janeiro, mas, segundo o capitão Edson Lino de Souza, chefe da Seção de Finanças e Patrimônio do Corpo de Bombeiros Metropolitano, o material não fará falta, porque a sua utilização está prevista para o próximo ano.
Já para a Defesa Civil municipal, dos R$ 500 mil previstos no Orçamento, apenas R$ 180,2 mil foram gastos.
A auditoria do TCM apontou precariedade no órgão, principalmente falta de equipamentos e uso de veículos antigos, quando havia.
Em Aricanduva (zona leste), onde o córrego transborda sempre que chove forte, a Defesa Civil usa carro alugado, pago pela subprefeitura.
O coordenador distrital, Mauro Vitor Zambrin, 58, diz que ainda faltam equipamentos, mas já houve momentos piores.
"Já quebrei dedo, testa, tudo para fazer socorro. A gente fazia tudo na raça", diz. Para ele, o órgão tem de 60% a 70% da estrutura necessária. "Ainda falta, mas já melhorou."
Resposta
A Prefeitura de São Paulo informou que vem investindo em veículos, equipamentos e estrutura física.
A Secretaria de Segurança Urbana diz que, além da verba da Defesa Civil no Orçamento, há uso de grana de outras secretarias.
Outro investimento, de R$ 1,7 milhão, foi na reforma da nova sede do órgão, na zona norte, em área de 5.000 m2.
A prefeitura também citou a compra por R$ 2,5 milhões de 31 picapes entregues na quinta-feira e a aplicação de R$ 1,4 milhão para adquirir 179 rádios digitais que operam na plataforma da Polícia Civil, da Guarda Civil Metropolitana e dos Bombeiros.
A secretaria diz investir em treinamento na elaboração do Plano Preventivo de Defesa Civil, e em reuniões com líderes comunitários.
A prefeitura lembra ter retirado 4.000 famílias de áreas de risco.
Sobre a prefeitura abrir só agora licitação para equipar os Bombeiros, o capitão Edson de Souza, chefe da Seção de Finanças, diz que não vai afetar o trabalho.
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