Como notaram muitos observadores, o anúncio do Pacote do Apocalipse
por parte do governador José Ivo Sartori (PMDB), no dia 21 de novembro,
serviu de palco para uma triste ironia. A TVE gaúcha, com 42 anos de
comunicação pública, transmitiu ao vivo o anúncio do seu fim.
No receituário das "medidas amargas", velhos remédios: o esfacelamento das instituições públicas do estado, a demissão de cerca de 1.200 servidores e ataques à insignificância. Além de outras medidas, nove fundações serão extintas, representando uma economia de R$ 130 milhões anuais. O montante equivale a 1,5% das isenções fiscais que poderiam ser revistas, a famosa bolsa-empresário, filantropia sem qualquer transparência que alcança o estupendo valor de R$ 8,5 bilhões.
A Fundação Piratini, gestora das emissoras públicas de televisão e rádio do Rio Grande do Sul, TVE e FM Cultura, está na mira da degola neoliberal. Celeiros de talentos, os dois veículos são a única reserva de exposição para muitos artistas gaúchos, iniciantes ou não, apresentarem o seu trabalho.
Com efeito, os canais se dedicam quase que exclusivamente à cobertura jornalística de pautas locais e à divulgação de manifestações que passam à margem do circuito das grandes produtoras e gravadoras. A identidade, a pluralidade e o próprio tecido da indústria criativa gaúcha são inseparáveis do legado da Fundação Piratini.
Como lembra o cineasta Carlos Gerbase, "o problema com a cultura é que ela não cabe nas planilhas de cálculo."
Roger Lerina, o destacado colunista e repórter cultural do jornal Zero Hora, é, como Gerbase, uma voz dissonante da linha editorial do Grupo RBS - maior afiliado da Rede Globo no país. Ao contrário de seus ansiosos colegas de redação, Lerina considera "inestimável" o valor da produção e difusão da cultura para o Rio Grande do Sul.
Desde a proposta de extinção da Fundação, nomes expressivos dos mais diversos segmentos culturais assumiram a linha de frente da campanha "Salve, Salve TVE e FM Cultura". A página de Facebook do Movimento dos Servidores da Fundação é atualizada diariamente com depoimentos de músicos, cineastas, escritores e artistas em defesa do patrimônio cultural gaúcho.
Figuras como Zeca Baleiro, Yamandu Costa, Bagre Fagundes, Julia Lemmertz, Elton Saldanha, Nelson Coelho de Castro e Tonho Crocco compõem a crescente resistência cultural do estado.
Além
dos agentes culturais, o meio acadêmico também tem expressado seu
repúdio à aniquilação da Fundação Piratini. Mais de 150 professores e
pesquisadores da Comunicação e outras áreas assinaram um manifesto que questiona os propósitos do Governo.
"Sem as emissoras públicas de rádio e televisão, todo o sistema de mediação simbólica entre o Estado e a sociedade fica submetido exclusivamente às emissoras privadas. Os discursos de todos os setores sociais ficam cativos da forma que lhes dá a radiodifusão privada. Quem deseja isso?", perguntam os professores.
Discute-se a possibilidade de que todos os projetos sejam votados entre os dias 20 e 22 de dezembro, mas o calendário ainda é incerto.
O arranjo do pacote parece ter sido formulado para fragmentar a resistência e dividir as categorias diretamente atingidas na defesa de suas instituições. O estado já fervilha com dezenas de ocupações estudantis e a luta contra a PEC 55. É hora de unificar as pautas. No fim das contas, o Rio Grande do Sul valerá tanto quanto for o tamanho da mobilização do campo progressista.
Acompanhe as páginas e ajude a fortalecer os movimentos em defesa do Rio Grande do Sul:
Movimento dos Servidores da TVE e FM Cultura
Em Defesa da FEE
Apoio à Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
Apoio à Não Extinção da FEPPS
Em Defesa da Metroplan
Cientec Eu ApoioEm defesa da Fepagro
Não à extinção da FDRH
No receituário das "medidas amargas", velhos remédios: o esfacelamento das instituições públicas do estado, a demissão de cerca de 1.200 servidores e ataques à insignificância. Além de outras medidas, nove fundações serão extintas, representando uma economia de R$ 130 milhões anuais. O montante equivale a 1,5% das isenções fiscais que poderiam ser revistas, a famosa bolsa-empresário, filantropia sem qualquer transparência que alcança o estupendo valor de R$ 8,5 bilhões.
A Fundação Piratini, gestora das emissoras públicas de televisão e rádio do Rio Grande do Sul, TVE e FM Cultura, está na mira da degola neoliberal. Celeiros de talentos, os dois veículos são a única reserva de exposição para muitos artistas gaúchos, iniciantes ou não, apresentarem o seu trabalho.
Com efeito, os canais se dedicam quase que exclusivamente à cobertura jornalística de pautas locais e à divulgação de manifestações que passam à margem do circuito das grandes produtoras e gravadoras. A identidade, a pluralidade e o próprio tecido da indústria criativa gaúcha são inseparáveis do legado da Fundação Piratini.
Como lembra o cineasta Carlos Gerbase, "o problema com a cultura é que ela não cabe nas planilhas de cálculo."
Roger Lerina, o destacado colunista e repórter cultural do jornal Zero Hora, é, como Gerbase, uma voz dissonante da linha editorial do Grupo RBS - maior afiliado da Rede Globo no país. Ao contrário de seus ansiosos colegas de redação, Lerina considera "inestimável" o valor da produção e difusão da cultura para o Rio Grande do Sul.
Desde a proposta de extinção da Fundação, nomes expressivos dos mais diversos segmentos culturais assumiram a linha de frente da campanha "Salve, Salve TVE e FM Cultura". A página de Facebook do Movimento dos Servidores da Fundação é atualizada diariamente com depoimentos de músicos, cineastas, escritores e artistas em defesa do patrimônio cultural gaúcho.
Figuras como Zeca Baleiro, Yamandu Costa, Bagre Fagundes, Julia Lemmertz, Elton Saldanha, Nelson Coelho de Castro e Tonho Crocco compõem a crescente resistência cultural do estado.
Ator Werner Schünemann adere à campanha Salve, Salve TVE e FM Cultura
"Sem as emissoras públicas de rádio e televisão, todo o sistema de mediação simbólica entre o Estado e a sociedade fica submetido exclusivamente às emissoras privadas. Os discursos de todos os setores sociais ficam cativos da forma que lhes dá a radiodifusão privada. Quem deseja isso?", perguntam os professores.
O que fazer?
Além da Fundação Piratini, os demais órgãos ameaçados de extinção e empresas públicas que podem ser privatizadas representam uma ataque direto à inteligência do Estado e sua capacidade de gerar conhecimento e riquezas, conduzir pesquisas científicas, embasar novas políticas públicas e fomentar o desenvolvimento com justiça social.Discute-se a possibilidade de que todos os projetos sejam votados entre os dias 20 e 22 de dezembro, mas o calendário ainda é incerto.
O arranjo do pacote parece ter sido formulado para fragmentar a resistência e dividir as categorias diretamente atingidas na defesa de suas instituições. O estado já fervilha com dezenas de ocupações estudantis e a luta contra a PEC 55. É hora de unificar as pautas. No fim das contas, o Rio Grande do Sul valerá tanto quanto for o tamanho da mobilização do campo progressista.
Acompanhe as páginas e ajude a fortalecer os movimentos em defesa do Rio Grande do Sul:
Movimento dos Servidores da TVE e FM Cultura
Em Defesa da FEE
Apoio à Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
Apoio à Não Extinção da FEPPS
Em Defesa da Metroplan
Cientec Eu ApoioEm defesa da Fepagro
Não à extinção da FDRH
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