CONDENAR ELEONORA É CONDENAR TODAS NÓS

Jornalistas Livres
4 h
CONDENAR ELEONORA É CONDENAR TODAS NÓS
A condenação da socióloga e ex-ministra Eleonora Menicucci a indenizar o ator Alexandre Frota por danos morais levanta uma reflexão sobre a cultura do estupro, tão propalada nos últimos e sombrios tempos da vida brasileira dentro e fora do parlamento, em setores machistas e reacionários.
Na ação, Frota questiona críticas da ex-ministra da extinta Secretaria de Políticas para as Mulheres no governo Dilma (vítima de golpe institucional e midiático), após ter sido convidado pelo atual ministro da Educação a visitar seu gabinete. A crítica mostrou indignação da ex-ministra pelo ator ter assumido, publicamente, a prática de estupro de uma mãe de santo, “mas também faz apologia ao estupro” e ainda assim ser recebido com honras por um ministro de estado de uma pasta da importância da Educação.
Eleonora Menicucci exerceu seu livre direito à crítica, amparada pela liberdade de expressão garantida pela Constituição de 1988. Exerceu seu papel de cidadã e de profissional que construiu uma vida de luta em defesa das mulheres, contra todas as formas de violência e de subjugo do gênero, especialmente por aquelas mulheres cuja única defesa contra os abusos vem justamente do estado e de seus poderes constituídos.
O combate à cultura do estupro, da agressão e de toda forma de violência contra a mulher deve estar nas ações diárias de todos nós se quisermos – e sabemos que uma parcela significativa não quer – alcançar a igualdade de direitos, de respeito e de reconhecimento do feminino na sociedade.
Condenar Eleonora por críticas a um ato confessado e, sim, abominável, é um indicativo de tempos muito mais difíceis do que os que estamos enfrentando e a que estamos nos opondo.
Na verdade, é preciso condenar diariamente a prática do estupro, a apologia ao estupro e a benevolência aos estupradores nos palcos, nas ruas, nos tribunais, nos governos, nas casas parlamentares, nas casas de todos nós e nos bancos escolares. Combater o estupro e a violência contra a mulher deveria constar da grade curricular em todos os níveis de ensino do país.
Nossa solidariedade e luta pelas mulheres vítimas de todo tipo de violência.
Artigo escrito por Márcia Lia, Deputada Estadual de São Paulo pelo Partido dos Trabalhadores.

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