Escola administrada pela PM imita doutrinação nazista e saúda Bolsonaro
Vários alunos se negaram a participar; foram solicitadas explicações à PM e à secretaria de Educação do Amazonas, que até o momento não se manifestaram; a iniciativa foi classificada de "doutrinação nazifascista de crianças e adolescentes" pelo presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, Glen Wilde Freitas; "É igual ao que se fazia nas escolas alemãs dos anos 1930"
8 DE AGOSTO DE 2017 ÀS 15:42 // 247 NO TELEGRAM // 247 NO YOUTUBE
Da Revista Fórum - O Colégio Waldocke Fricke de Lyra, de Manaus, é uma das oito escolas estaduais administradas pela PM por meio de um acordo com a Secretaria de Educação do Amazonas.
Diante de dois policiais militares, nove filas de alunos do terceiro ano da escola repetem em coro, com as mãos para trás, o que um dos policiais grita: "Convidamos Bolsonaro, salvação dessa nação/ Nos quatro cantos ouvirão completa nossa canção".
Ao final, uma aluna em traje militar, dirigindo-se ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ), diz: "Gostaríamos que o senhor pudesse nos honrar com a sua presença em nossa formatura militar". Outra aluna completa: "Nosso convite deve-se a sua trajetória ética e o seu compromisso com a educação".
O vídeo foi distribuído nas redes sociais por Bolsonaro na sexta-feira (4). Ele diz que se trata de um convite "irrecusável": "Um exemplo de ensino que deveria ser adotado em todas as escolas públicas do Brasil".
A iniciativa foi classificada de "doutrinação nazifascista de crianças e adolescentes" pelo presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, Glen Wilde Freitas. "É igual ao que se fazia nas escolas alemãs dos anos 1930."
Freitas, que também é o representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), disse que, antes do episódio, já recebeu relatos de alunos expulsos por reclamar da doutrina rígida. Nesta segunda-feira (7), ele solicitou uma explicação ao comando da PM e à Secretária de Educação sobre o convite a Bolsonaro.
Nas redes sociais, um estudante que aparece no vídeo criticou a iniciativa. "Simplesmente não abri minha boca como muitos, escola doutrinada. A comissão de formatura em nenhum momento veio me perguntar se era a favor de fazer o vídeo, simplesmente obrigaram, depois ficaram dizendo que a maioria concordou, só não falo mais porque ainda estudo nessa instituição, não temos mais direito de definir nossa posição política", escreveu.
No domingo (6), a Folha questionou o comandante da PM, coronel David Brandão, sobre o assunto. Ele prometeu responder no dia seguinte, o que não ocorreu.
A reportagem entrou em contato esta segunda-feira (7) com a assessoria do secretário da Educação, Trone Bentes, mas ele tampouco respondeu à solicitação.
Também foi pedido um comentário ao deputado estadual Platiny Soares (DEM), aliado de Bolsonaro e autor de um projeto de lei inspirado no movimento Escola sem Partido, mas ele também se recusou a comentar.
*Com informações da Folha
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