O “salve-me” quem puder

gaspparl
No país perdido em que vivemos, todos  os gestos devem ser olhados como o tatear das camadas políticas à procura do labirinto em que se meteram.
E o primeiro deles é, claro, o fato de se aproximarem eleições nas quais, até agora, não têm candidatos viáveis.
Lula, Bolsonaro e, num patamar eleitoralmente mais modesto, Ciro Gomes ainda têm algum sentido.
Mas a direita nos partidos – PSDB, DEM, e os vários “Pês” incrustados no Governo Temer não têm nomes que possam representar alternativas reais hoje.
Até a duvidosa exceção João Dória depende, cada vez mais, de uma de duas escolhas difíceis e onerosas: aliar-se a Aécio Neves e Temer para afundar ainda mais o punhal da traição a Geraldo Alckmin ou sair do PSDB e arranjar um partido que lhe sirva de trampolim.
Portanto, em falta de um norte claro que a polarize, a direita política vai cuidar, agora, de se prevenir para manter o controle do Congresso.
Se confirmada a extinção do voto de legenda, daremos mais um passo para a destruição dos partidos.
O mandato vira, com a eleição apenas pelo número de votos obtidos, ainda mais “propriedade privada” do eleito.
Por isso mesmo, é provável que seja aprovado, agora, às carreiras, ao contrário desta “onda” falsa que se faz em torno do “velho golpe do parlamentarismo”, como o chama Elio Gaspari em sua coluna de hoje.
Não serão tolos de levar adiante uma aventura que, a esta altura, jogaria no colo de Lula a bandeira de restaurar o direito de que o governo seja escolhido pelo povo, não pelos deputados – ainda mais no grau de desmoralização que tem hoje o parlamento.
O mais provável é que, na tal reforma política, saiam apenas o Fundo destinado a financiar as campanhas eleitorais e, talvez, uma cláusula de barreira, que já existiu e foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal em 2006, onde será, certamente, questionada mais uma vez.
Quase tudo o que acontece no país, hoje, é biombo. A ilegitimidade de todos os poderes, pelos desvios em que se meteram, é patente, está a olhos vistos.
Não há saída em qualquer coisa senão em eleições, que criem um pólo de poder legítimo e restaure as condições para o país funcionar.
E é para ser este pólo que a direita não tem um nome.

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