Alckmin fecha bicicletários de estações do Metrô paulista

RETROCESSO

Com alegação de pouco uso e custo elevado, cinco estacionamentos para bicicletas já foram fechados neste ano. Para especialista, medida reflete "uma visão muito retrógrada”

por redação RBA publicado 15/09/2017 12h54
WILLIAN CRUZ/VÁ DE BIKE
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Na Vila Madalena, os paraciclos já foram instalados e a região onde ficava o bicicletário está vazia
São Paulo – Ciclistas que chegaram hoje à estação Santa Cecília, da Linha 3-Vermelha do Metrô, paulista se depararam com o bicicletário fechado. O governo Geraldo Alckmin decidiu trocar os espaços cercados por paraciclos, alegando redução de custo e pouco uso dos bicicletários. No final de agosto, o espaço para bicicletas da estação Vila Madalena, da Linha 2-Verde, também foi fechado. As estações Brás (Linha 3-Vermelha), Liberdade e Paraíso (Linha 1-Azul) também tiveram seus bicicletários fechados esse ano.
Embora alegue falta de uso, informações de organizações de ciclistas dão conta de que o bicicletário da estação Santa Cecília, com 18 vagas, tinha bom uso, chegando a ficar lotado algumas vezes durante a semana. Os usuários consideram os paraciclos inseguros para uma permanência por longo tempo das bicicletas. Segundo o Metrô, não haverá funcionários para fiscalizar o uso.
Para Rafael Calabria, especialista em mobilidade urbana e membro do Conselho Municipal de Trânsito e Transportes de São Paulo, a medida vai na contramão de tudo que se discutiu nos últimos anos em mobilidade para a capital paulista. “Viola todas as políticas de mobilidade urbana vigentes no país. A integração é boa para ambos os tipos de transporte, a bicicleta e o Metrô. Os paraciclos não substituem o bicicletário. Este é para uma parada rápida, um compromisso pontual. O bicicletário serve para paradas de eventos diários, frequentes, para um sistema de transporte mais amplo”, afirmou.
Agora o metrô mantêm bicicletários em apenas nove estações, das 63 existentes. “É um baita desestímulo. A justificativa de pouco uso não faz sentido. Santa Cecília muitas vezes superava a lotação. E se fosse baixo uso tem de entender por que, melhorar a visibilidade, orientar. Não se pode entender bicicletário como custo, mas como investimento, está barateando outros meios de transporte. É uma visão muito retrógrada”, criticou Calabria.
Em nota, o Metrô informou que "incentiva o transporte por meio de bicicleta como complemento ao de massa". A empresa disse manter ainda 600 vagas para estacionamento de bicicletas. Sobre o fechamento de bicicletários, a companhia informou que a medida é para "adequar a utilização dos equipamentos em função da demanda de usuários do serviço, otimizando os custos de manutenção dos espaços", que, de acordo com o Metrô, custaram R$ 1,4 milhão no ano passado

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