“Eles têm que entender que têm que sair e que o Estado não vai desistir de despejá-los”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil aumentará os esforços para remover o restante dos garimpeiros de terras indígenas após um ataque a tiros por invasores que matou um indígena Yanomami e deixou outros dois gravemente feridos, disse o Ministério dos Povos Indígenas neste domingo.
Um homem foi morto e outros dois ficaram gravemente feridos por garimpeiros no ataque de sábado no território Yanomami, onde as autoridades estão expulsando garimpeiros ilegais que invadiram a maior reserva indígena do Brasil, do tamanho de Portugal.
“Continuaremos a operação para retirar todos os garimpeiros que ainda estão lá ilegalmente”, disse a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, à GloboNews.
Ela disse que 75% a 80% dos mais de 20 mil garimpeiros que invadiram a reserva foram despejados, e os que ainda estão lá resistem com mais violência à remoção.
“Eles têm que entender que têm que sair e que o Estado não vai desistir de despejá-los”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na mesma entrevista.
"Vamos intensificar a operação", disse ela, acrescentando que as forças armadas podem ser mobilizadas para terminar o trabalho.
Marina disse que 300 garimpos foram desmantelados, 20 aviões e um helicóptero destruídos por agentes do Ibama.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu quando assumiu o cargo, em janeiro, remover os garimpeiros cuja presença causou uma crise humanitária ao espalhar doenças e causar desnutrição entre os Yanomami, ao reduzir sua caça e envenenar os rios e peixes com mercúrio.
Uma operação de fiscalização em grande escala foi lançada em fevereiro, e a maioria dos mineiros começou a sair ou foi forçada a sair do local.
A Polícia Federal disse que está investigando o confronto entre garimpeiros e indígenas e está trabalhando para identificar, localizar e prender os responsáveis pelos disparos.
No Twitter, o Ministério dos Povos Indígenas informou que uma delegação interministerial está a caminho de Roraima para "reforçar ainda mais as ações de remoção de criminosos".
Desde que Lula assumiu o cargo em janeiro, seu governo anunciou ações para remover milhares de garimpeiros ilegais da maior reserva indígena do país.
No entanto, "ainda são necessárias muitas ações coordenadas", disse o ministério, observando que solicitou apoio do Ministério da Justiça para investigar o tiroteio.
A Polícia Federal disse em nota que sabia que indígenas teriam entrado em confronto com garimpeiros no sábado.
O povo Yanomami, estimado em cerca de 28.000, enfrenta uma crise humanitária, incluindo doenças, abuso sexual e violência, devido à invasão de mais de 20.000 garimpeiros em sua região, levando a desnutrição e mortes.
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