30/06/2023

OSP: margem de distribuição do gás de cozinha sobe 69% em dois anos, apesar da queda no preço das refinarias

 



De acordo com o Observatório Social do Petróleo, o aumento da margem de distribuição e revenda é o principal fator para a manutenção de preços altos do GLP

Gás de cozinha
Gás de cozinha (Foto: Reuters/Caetano Barreira)
 

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247 - A margem de distribuição e revenda do gás de cozinha (GLP) no Brasil aumentou 69% nos últimos dois anos, apesar da redução de 26% no preço do botijão vendido pelas refinarias do Brasil. A parcela de distribuidoras e revendedoras passou de R$ 31,91, em junho de 2021, para R$ 53,99, neste mês, alta de R$ 22,08. No período, o GLP de 13 quilos (kg) que era R$ 44,81 baixou para R$ 32,96, queda de R$ 11,85. O levantamento é do Observatório Social do Petróleo (OSP), com base na margem de distribuição e revenda de gás de cozinha publicada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Petrobrás, que incluem custos de transporte, logística e a margem de lucro dos estabelecimentos comerciais. A análise é feita a partir de junho de 2021, quando a margem das distribuidoras e revendedoras começa a subir e o preço do gás de cozinha entra em declínio.

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Segundo o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), o aumento da margem de distribuição e revenda é o principal fator para a manutenção de preços altos do GLP neste ano. “Não consigo enxergar uma justificativa para a margem atual das distribuidoras e revendedoras de GLP. A inflação acumulada do período, por exemplo, é de 16%. Por que aumentar a margem em 69%?”, questiona.

“A margem cresceu durante todo o segundo semestre de 2021, acompanhando o preço do produtor que já vinha em uma forte escalada”. “O pico foi em março de 2022, quando o valor do botijão chegou a R$ 57,97. Em abril, o preço começou a cair e teve uma redução mais brusca no segundo semestre do ano passado. No entanto, a margem da distribuição e revenda mantém a trajetória de alta”, afirmou.

Outro fator agravante, aponta Dantas, é a concentração do mercado. Em 2020, antes da privatização da Liquigás para uma das suas concorrentes, a Copagaz (hoje Copa Energia), as quatro maiores empresas de distribuição detinham 73% do total do mercado de GLP de 13kg no país. Neste ano, as quatro maiores detiveram 81% do mercado, sendo todas elas privadas. “Isso aumenta o poder das empresas de determinar os preços”, afirma.

De acordo com o economista, o preço do botijão de gás nas refinarias da Petrobrás baixou 21,3% neste ano, mas essa queda não chegou ao consumidor final. “O problema é que a redução aplicada pela Petrobrás não é repassada na mesma proporção pelas distribuidoras e revendedoras. Por conta disso, temos a diminuição crescente do consumo de gás e o aumento do uso de lenha nas residências, consequência da perda do poder de compra da população brasileira”.

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