05/07/2023

Governo exonera presidente do INSS após aumento da fila e gastos particulares com passagens aéreas

 



Glauco André Wamburg deixa o cargo após apenas cinco meses de mandato. Atual diretor de Orçamento do INSS, Alessandro Stefanutto irá assumir a presidência do órgão

(Foto: TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL)
 

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Agenda do Poder - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu exonerar o presidente interino do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), Glauco André Wamburg, após apenas cinco meses de mandato. Para assumir a presidência do órgão de forma permanente, o escolhido foi o atual diretor de Orçamento, Finanças e Logística da autarquia, Alessandro Stefanutto. A informação é da colunista Andréia Sadi, do g1.

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A reportagem apurou com fontes do Ministério da Previdência e do INSS que três fatores determinaram a queda de Glauco Wamburg: o aumento da fila por benefícios, as suspeitas de mau uso de passagens e diárias e a pressão interna de grupos ligados ao PT que questionavam a escolha dele desde o início do ano.

Glauco é servidor do INSS, mas chegou ao comando da autarquia por indicação política do deputado federal Hugo Leal, do PSD do Rio de Janeiro. A escolha foi uma forma de agradar a bancada do PSD na Câmara, que ficou sem nenhum ministério de peso, enquanto o PSD no Senado foi contemplado com dois ministros, Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Carlos Fávaro (Agricultura).

A escolha dele não foi bem recebida por servidores do INSS justamente por ter sido resultado de indicação política, e não por critérios técnicos. Na época, fontes do órgão ouvidas pela reportagem mencionaram ainda o fato de Glauco ter presidido a fundação Leão XII no Rio de Janeiro na época em que veio à tona um escândalo de funcionários fantasmas.

Desde então, o governo Lula tem sido pressionado por grupos do campo petista a substituir o presidente. Stefanutto é um nome que agrada a militância petista e os servidores do órgão. A nomeação do novo presidente foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (5). A primeira ação de Stefanutto foi o lançamento hoje de um portal da transparência para acompanhamento em tempo real da fila do INSS.

 
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Mesmo antes da oficialização da troca, Stefanutto já vinha atuando como presidente do órgão. Na terça-feira (4), ele recebeu o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que publicou um vídeo em suas redes sociais já tratando Stefanutto como presidente.

Glauco assumiu em fevereiro com o desafio de reduzir um estoque de quase um milhão de benefícios parados, uma herança do governo Bolsonaro, só que em vez de diminuir, a fila aumentou 8,5% desde o início do ano. A fila do INSS explodiu após a reforma da previdência, em 2019.

Outro problema crônico da autarquia é a redução do quadro de servidores e a falta de estrutura do órgão. O INSS tem hoje metade de servidores que possuía dez anos atrás.

Outro desafio do novo presidente é a relação com os peritos médicos, uma categoria que não está subordinada ao INSS e é representada por uma associação dirigida por quadros próximos ao bolsonarismo, a ANMP (Associação Nacional dos Médicos Peritos)

Desde o início do ano os peritos médicos estão numa espécie de operação padrão, atendendo praticamente só pedidos de perícia para auxílio-doença de BPC (Benefício de Prestação Continuada). Eles exigem a substituição do comando da Subsecretaria de Perícias Médicas da Previdência Social, hoje chefiada por indicados do PT. Também querem que todas as diretorias da Previdência ligadas à perícia sejam chefiadas por médicos.

Fontes do INSS ouvidas pela reportagem afirmam que mudanças promovidas na gestão Bolsonaro reduziram a produtividade dos peritos. Atualmente, eles têm uma carga mínima de apenas seis perícias por dia – cada perícia leva menos de dez minutos. Se um beneficiário faltar, a perícia é contabilizada do mesmo jeito. Além disso, atrasos superiores a 15 minutos já são computados como faltas.

A ANMP, por sua vez, afirma que as condições médicas dos peritos na maior parte do país são precárias.

O governo está preparando uma Medida Provisória para que os peritos recebam por hora-extra que fizerem. O texto já passou pelos ministérios da Previdência, Gestão e Planejamento. Falta ainda a análise da Casa Civil e a assinatura do presidente Lula.

Na semana passada, reportagem do portal “Metrópoles” mostrou que Glauco estaria usando passagens pagas com dinheiro público para viajar ao Rio de Janeiro e cumprir compromissos particulares, como ministrar aulas em universidades.

Glauco, no entanto, diz que não houve irregularidades. “À frente do INSS realizei algumas viagens, a maior parte acompanhando agenda ministerial. Tenho residência no Rio e estão querendo usar isso para dar uma conotação não verdadeira a esse tema.”

O ex-presidente afirma que a saída dele foi “acordada” com o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. “Como servidor de carreira do INSS, sou grato pela oportunidade de ter ocupado o mais alto posto da autarquia que pertenço. Sabemos que nosso principal desafio são as filas. Começamos uma estratégia para administrá-las, mutirões e projetos de aceleração das análises, e acredito que se seguirem vai dar certo. A falta de servidores e as adequações no nosso modelo de atendimento são dificuldades que começamos a trabalhar”.

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