Brasil 247
Jurista Martônio Mont'Alverne alerta sobre sinais autoritários no governo Trump e faz paralelos com a Alemanha nazista
247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o jurista Martônio Mont'Alverne, autor do livro Supremo Tribunal Federal: Prússia contra Reich, analisou os riscos de erosão democrática nos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump. Mont'Alverne abordou as semelhanças históricas entre o atual momento político norte-americano e o processo de ascensão nazista na Alemanha, ressaltando o papel preocupante do Judiciário e a omissão das instituições diante de medidas autoritárias.
"Estamos à beira de um colapso do modelo de democracia liberal nos Estados Unidos", alertou o jurista. Segundo ele, decisões judiciais recentes favorecem uma concentração de poder cada vez maior nas mãos do presidente, enquanto setores fundamentais do Judiciário permanecem inertes. "A Suprema Corte, até agora, tem se mantido em silêncio diante de questões cruciais, como a violação de direitos civis e a perseguição a imigrantes", afirmou.
Paradoxos da lei e a ascensão autoritária
Durante a conversa, Mont'Alverne estabeleceu paralelos com o uso das leis para legitimar regimes autoritários no passado. "A Alemanha nazista construiu seu poder dentro dos marcos legais da época, o que é talvez o aspecto mais assustador dessa história", explicou, destacando a importância de não subestimar a força normativa de medidas autoritárias disfarçadas de legalidade.
Ele também lembrou que o governo de Trump intensificou a retórica contra imigrantes, transformando-os em "inimigos internos" e fomentando uma desorientação social deliberada. "A disseminação do caos cognitivo é uma ferramenta clássica do fascismo. O que estamos vendo agora é a aplicação desse conceito em larga escala nos Estados Unidos", disse Mont'Alverne.
Comparações com o cenário alemão atual
O jurista ampliou a análise, apontando a ascensão de partidos de extrema-direita na Alemanha contemporânea como um exemplo do ressurgimento de discursos autoritários na Europa. "O que preocupa na Alemanha de 2025 é que partidos tradicionais estão se aproximando de neonazistas na tentativa de ampliar seu eleitorado, legitimando um discurso de ódio e exclusão", alertou.
Mont'Alverne destacou como o uso de símbolos e gestos sutis — os chamados "apitos de cachorro" — tem sido uma estratégia para disseminar ideias neonazistas sem declarações explícitas. "É uma tática estética, mas profundamente perigosa, que resgata o pior da história europeia", afirmou.
A omissão das instituições e a urgência da reação democrática
O silêncio institucional, segundo Mont'Alverne, é um dos maiores perigos no atual cenário. "Quando as instituições falham em reagir, o caminho para o autoritarismo se pavimenta com mais facilidade", alertou. Ele também lembrou a importância da mobilização social, citando a experiência brasileira no combate ao governo de Jair Bolsonaro.
O jurista fez um apelo para que movimentos sociais, associações de juristas e organizações internacionais atuem de forma coordenada contra essas ameaças. "É fundamental construir um muro de contenção contra essa tragédia anunciada", concluiu.
A entrevista de Mont'Alverne reforça a necessidade de vigilância constante em tempos de crise democrática, lançando luz sobre o papel essencial das instituições e da sociedade civil na defesa dos direitos fundamentais. Assista:
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