25/05/2011

Professor é vítima de bullying, diz Apeoesp


Docentes são alvos de ameaças e agressões dentro da sala de aula

Telma Silvério
      telma.silverio@jcruzeiro.com.br

A recente agressão física de uma aluna contra seu professor, na Escola Estadual "Humberto de Campos", no Jardim Zulmira, levantou a questão do bullying contra os docentes. A situação é denunciada pelo coordenador Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Alexandre Tardelli Genesi, 29 anos. "Hoje, lamentavelmente, a agressão não só física mas verbal contra o professor é rotineira". Além das perseguições, maus-tratos e abusos de alunos, o professor sofre com a falta de apoio por parte da direção e supervisão, em decisões tomadas em sala de aula, observa ele.

A Diretoria Regional de Ensino de Sorocaba instaurou uma sindicância para apurar a agressão e suspendeu a aluna até que o conselho da escola se reúna e decida as medidas cabíveis. O Conselho Tutelar também foi acionado e haverá ainda uma reunião com pais e alunos do período noturno. O coordenador da Apeoesp - subsede Sorocaba, Alexandre Tardelli, comenta que a violência é um fato presente na sociedade e, consequentemente ocorre no ambiente escolar. Ele explica que a palavra do momento "bullying" - palavra inglesa que significa usar o poder ou força para intimidar, excluir, implicar, humilhar, fazer pouco caso, e perseguir - ocorre não apenas entre os alunos. Alguns professores têm sido alvos de chacotas, apelidos, caricaturas, além das agressões verbais e ameaças. Não raro a Apeoesp recebe reclamações e depoimentos de docentes esgotados com a situação.

"Se o professor se expõe, se torna refém. Ele está apenas tentando fazer seu trabalho, mesmo cobrando lições", destaca. Tardelli critica a falta de limites. "Nem os pais conseguem dominar os próprios filhos". Se o professor cobra postura do aluno, este se irrita e se acha no direito de agredir quem quer que seja, diz. Um agravante denunciado é a superlotação de alunos por sala. "Como controlar uma sala indisciplinada com tantos alunos? Existem salas com até cinquenta alunos." Tardelli, que também é professor, explica que uma sala com menos alunos é mais fácil de controlar e facilita o processo ensino-aprendizagem. Mesmo para registrar ocorrências nas delegacias os professores têm tido dificuldades, ressalta. "Eles não conseguem registrar ameaças e agressões verbais", denuncia.

Ameaça

O sindicalista cita a situação real de uma professora que recebeu ameaças, inclusive documental, em que o aluno ameaçava "matá-la". Ele afirma que as agressões contra o professor ocorrem tanto em escolas estaduais como em municipais e até particulares. "Só que muitas vezes abafam," revela. Alexandre Tardelli destaca a importância do fortalecimento dos conselhos escolares no sentido de atuar de forma mais efetiva na prevenção de casos como o registrado na escola Humberto de Campos. "Esse mecanismo não é usado pelas escolas. O diretor não é estimulado a fazer os conselhos funcionarem. A função dos conselhos não é apenas expulsar ou transferir alunos," destaca o coordenador.

Agressão e tumulto

De acordo com informações obtidas junto à coordenadoria da Apeoesp, alunos e funcionários da E.E. Humberto de Campos, uma aluna do 3.º ano do Ensino Médio, do período noturno, teria se alterado ao ser cobrada das lições de casa. A ocorrência foi na sexta-feira passada, logo após o intervalo, por volta das 22h. A estudante teria atirado um capacete contra seu professor de Geografia, para em seguida desferir-lhe um tapa no rosto. A direção da escola acionou a mãe da jovem que, sem se inteirar do ocorrido partiu em defesa da filha, com agressões verbais contra o mesmo professor.

As agressões levaram a direção da escola a pedir que a aluna não comparecesse às aulas na segunda-feira passada. Mas a garota decidiu aparecer e acabou causando tumulto, logo após o intervalo, quando foi vista circulando de forma impune dentro da unidade. Muitos alunos se posicionaram a favor do professor. Em protesto permaneceram pelos corredores e as aulas acabaram suspensas. A polícia foi acionada por funcionários para conter o tumulto e evitar violência. Alguns videos do tumulto causado na segunda, gravados pelos próprios alunos, foram postados no Youtube.

Um comentário: